As dez maiores cidades do Norte do Estado – exceto Joinville – acumulam 55 mortes violentas entre janeiro e setembro deste ano. O levantamento leva em consideração Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, São Francisco do Sul, Guaramirim, Rio Negrinho, Araquari, Barra Velha, Schroeder, Itapoá e Garuva. Do total de assassinatos, 35 ocorreram no Litoral – uma fatia de 63,6% do total.

Continua depois da publicidade

De acordo com estatística da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (SSP), das cidades listadas, as três que lideram o ranking com maior quantidade de mortes são Itapoá (13), seguido por São Francisco do Sul (12) e Barra Velha (10). Nos dados, divulgados em 9 de novembro, estão incluídas mortes por homicídios, latrocínios, lesão corporal seguida de morte e vítimas de confronto policial.

Apesar das três cidades corresponderem à maior fatia dos crimes durante o levantamento, somente Barra Velha teve acréscimo no número de mortes em dois anos. Até setembro de 2016, seis pessoas morreram de forma violenta, em contraposição aos dez casos deste ano. A quantia computada em 2017 representa uma morte violenta para cada 3.086 habitantes.

Já São Francisco do Sul teve um significativo decréscimo na incidência dos assassinatos. De janeiro a setembro de 2016, 26 casos foram registrados, contra 12 neste ano. A redução é de 53,8%. Itapoá manteve a mesma quantia de mortes na comparação entre os dois anos, com 13 casos. Entretanto, a praia tem proporção mais alta na estatística população X crimes ocorridos. A taxa é de uma morte para cada 1.488 pessoas.

Segundo o sargento Elisandro Lotin, presidente da Associação Nacional de Praças (Anaspra), o aumento de mortes violentas no Litoral se relaciona a um processo de “interiorização do crime”. A criminalidade deixou de ser frequente só nas capitais.

Continua depois da publicidade

Nas três cidades litorâneas que comandam o ranking, também aliam-se a este fator as questões de proximidade com as baías e o aumento populacional. Segundo Lotin, Itapoá e São Francisco do Sul possuem portos que podem propiciar a questão da violência, por meio do tráfico de drogas e armas. Além disso, muitas pessoas migraram das áreas rurais para as praias e arredores, em busca de oportunidades, fazendo crescer a população nestas cidade.

— Isso tudo somado cria um espaço propício para o aumento da criminalidade e, consequentemente, dos homicídios também — afirma.

Na avaliação do sargento, o aumento de efetivo não acompanhou o crescimento populacional:

— Tivemos redução muito grande nas polícias em 10 anos. Isso facilita a criminalidade porque onde o Estado não ocupa espaço, a marginalidade ocupa.

Diminuição é registrada em cinco cidades da região

Das outras sete cidades analisadas durante o levantamento (confira a tabela acima), cinco tiveram redução no número de mortes violentas e duas cresceram no intervalo. São Bento do Sul, por exemplo, reduziu de seis mortes – entre janeiro e setembro de 2016 – para dois casos no mesmo período deste ano.

Continua depois da publicidade

Jaraguá do Sul continua apresentando índices baixos de violência relacionados a mortes violentas na cidade. Foram quatro neste ano. A cidade é considerada uma das mais seguras do país, de acordo dados divulgados em junho deste ano no Atlas da Violência, pesquisa produzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Fatores socioeconômicos, como o índice de desenvolvimento alto (IDH 0,803), podem contribuir para a baixa taxa de homicídios e de outros crimes.

Leia também:

Jovem mantido em cárcere privado é libertado pela polícia em Joinville

“Ele não merecia essa morte”, lamenta pai de taxista morto

Artefato encontrado em banheiro de escola não era explosivo, diz diretor