A pesquisadora, professora e escritora Eliane Debus é uma referência em literatura infantil e juvenil. Tem um vasto trabalho dedicado a esta área: escreve resenhas e livros, organiza e participa de eventos, promove intercâmbio, integra grupos e instituições representativas no Brasil e exterior, orienta TCC, dissertações e teses universitárias relacionados ao tema. Neste mês, assumiu a Secretaria de Cultura e Arte da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde leciona.

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Como reconhecimento, conquistou prêmios e selos de “altamente recomendável” nos livros dela. Em junho último, foi a homenageada da 4ª edição da Festa Literária Internacional do Xingu (Flix) que reuniu escritores e pesquisadores em Altamira (PA).

Natural de Santa Rosa do Sul, quando o município fazia parte de Sombrio, passou a infância na Grande Porto Alegre, retornando na adolescência ao meio rural. Os pais frequentaram o Ensino Fundamental até os anos iniciais apenas, mas educaram as três filhas valorizando os estudos. A família passou por uma fase difícil financeiramente e ela, adolescente, trabalhou como empregada doméstica para pagar o curso de Magistério. Tornou-se professora e começou a participar de concursos literários e a conquistar prêmios, entre eles, a competição estadual promovida por um jornal com o tema “Em 86 (1986), vai ser melhor?”.

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Ao ingressar na faculdade de Letras, intensificou sua presença em concursos de literatura e passou a ter suas poesias, crônicas e contos publicados em jornais. Seguiu como pesquisadora da literatura para a infância e voltou-se à escrita teórica, com ampla produção de livros e resenhas. Fez pós-doutorado na Universidade do Minho, em Portugal.

Entre os diversos livros, quatro são direcionados para o leitor mirim. Em “Triolé, triolé poemas de Cruz e Sousa vamos ler” (2021), selecionou 20 poemas de um dos principais representantes do simbolismo no Brasil que têm em comum a estrutura de estrofes e versos chamada de triolé, com a ludicidade similar ao trava-línguas; o livro foi contemplado no Edital Elisabete Anderle da Fundação Catarinense de Cultura, em 2020. A obra também tem a proposta que crianças e adolescentes reconheçam a participação e contribuição dos negros na cultura catarinense e brasileira.

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Pesquisadora, escritora e professora Eliane Debus assume a Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (Foto: Arquivo Pessoal)

Antonieta de Barros, negra, primeira deputada mulher no país, é retratada no livro “Antonieta”. Publicado em 2019, a edição nasceu numa conversa com estudantes da rede pública de Florianópolis que desconheciam quem foi a pessoa e a importância para a história do país, relacionando o nome apenas ao túnel.

Nas manifestações, Eliane Debus demonstra seu engajamento sociocultural. Para valorizar a cultura local e a preservação da memória, fundou juntamente com o professor Zeca Debus, seu companheiro, o Instituto Cultural Rua do Fogo. Localizado numa casa antiga que pertencia a familiares em Santa Rosa do Sul, o espaço, sem fins lucrativos, oferece biblioteca comunitária, museu do trabalhador no campo, áreas para manifestações culturais e formação docente.

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*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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