Lideranças do Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU) e do governo gaúcho defenderam, neste domingo (5), medidas para flexibilizar as regras fiscais e facilitar o socorro financeiro ao Rio Grande do Sul. A fala surgiu após sobrevoarem áreas atingidas pelas enchentes que já causaram 75 mortes e deixaram pelo menos 100 desaparecidos no Estado.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que também sobrevoou a região alagada, assegurou que não haverá ‘impedimento da burocracia’ para recuperar o Rio Grande do Sul. Lula viajou a Canoas e Porto Alegre acompanhado de ministros e dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do vice-presidente do STF, Luiz Edson Fachin, e do presidente do TCU, Bruno Dantas.

A comitiva se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB) e com prefeitos. Depois da reunião, o governador frisou que se trata de um “cenário de guerra” e defendeu que a legislação fiscal seja flexibilizada nos moldes do que ocorreu durante a pandemia de Covid-19.

O Rio Grande do Sul há anos lida com dificuldades financeiras e faz periódicos acordos para renegociar a dívida com a União.

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“As autoridades públicas aqui precisam ver e perceber, presidente Lira, presidente Pacheco, […] a máquina pública está sufocada com essa situação e não vai conseguir dar respostas se nós não endereçarmos ações excepcionais também do ponto de vista fiscal”, afirmou o governador.

“Guerra” e “regime jurídico emergencial”

Segundo Arthur Lira, os deputados precisam discutir a partir dos próximos dias uma medida “totalmente extraordinária” para garantir auxílio financeiro ao Estado e lembrou a posição do Congresso na pandemia.

“Eu penso, presidente Pacheco, que a nossa responsabilidade essa semana será de perseverança, de discussão e de rumo para que a gente ali elabore uma medida totalmente extraordinária”, disse o presidente da Câmara.

Pacheco, por sua vez, destacou que o momento é para “retirar da prateleira e da mesa a burocracia”, como foi feito durante a pandemia.

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“Nós estamos numa guerra e, numa guerra de fato, presidente Lula, eu sei que é o seu sentimento, não há limitações, não há restrições legais de tempos comuns. Há necessidade de retirar da prateleira e da mesa a burocracia, as travas e as limitações para que nada falte ao Rio Grande do Sul para a sua reconstrução. Fizemos isso na pandemia com muita altivez no âmbito do Congresso Nacional com proposta de emenda à constituição que apelidamos de PEC da Guerra, com inúmeras medidas legislativas excepcionais”, declarou Pacheco.

Representante do STF no encontro, Fachin mencionou a possibilidade de um regime jurídico transitório para que juízes tomem decisões que facilitem a reconstrução do Rio Grande do Sul.

“Aqui estamos para manifestar, mais do que a nossa solidariedade, […] o Judiciário está junto com os demais poderes da República e estará junto especialmente nessa perspectiva da adoção de um regime jurídico especial emergencial e transitório para a catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul”, disse Fachin.

Já o presidente do TCU, Bruno Dantas, colocou à disposição os técnicos do órgão e garantiu ‘prioridade’ a temas relativos à tragédia gaúcha.

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Burocracia e dívida dos estados

Lula repetiu o compromisso feito na quinta-feira, quando esteve na cidade de Santa Maria (RS), de assegurar recursos para as ações no Rio Grande do Sul.

Neste domingo (5), o presidente afirmou que o Ministério dos Transportes terá dinheiro para recuperar rodovias e frisou que “não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a grandeza” do Rio Grande do Sul.

Lula também mencionou a dívida dos estados com a União e garantiu que o ministro Fernando Haddad (Fazenda), presente no encontro, é “muito sensível” ao tema.

A renegociação da dívida impacta o caixa federal e interessa a estados com dificuldades para pagar o débito, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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“Eu espero que ele [Haddad] faça um acordo previamente com os estados, porque não adianta também os estados não terem nenhuma capacidade de investimento”, afirmou Lula.

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