Nenhum passageiro se benze ao embarcar no ônibus da empresa Reunidas, às 22h35min de quarta-feira, na estação rodoviária de Passo Fundo (RS), quando transcorrem três dias do acidente que deixou nove mortos na cidade de Alfredo Wagner. Os semblantes não demonstram nervosismo, não de forma aparente.

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Mas se nota um maior apego à cautela, a começar pelo motorista. Ao se apresentar, enfatiza que será substituído durante a jornada por outro condutor, descansado. Pede – na verdade, insiste – para que todos afivelem o cinto de segurança. Ele percorre o corredor do ônibus e verifica cada poltrona. Encerrado o procedimento, declara, um tanto solene:

– Espero que façam uma boa viagem.

Até então atarefados em se acomodar e ajustar o cinto de segurança, os viajantes se manifestam:

– Amém! – diz uma mulher, ocupante da poltrona 30.

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– E vai com calma, motorista – recomenda outra passageira.

O veículo número 28.206, que cumpre o trajeto Passo FundoFlorianópolis, está com lotação completa. A julgar pelo ronco do motor, a velocidade é regular, como se acionada por piloto automático. O coletivo entra suave nas curvas.

Não ocorre nenhum imprevisto que possa sobressaltar os passageiros. No entanto, os estreantes que não trouxeram água mineral suficiente ou esqueceram de bolachas para roer no caminho podem se lamentar da imprevidência. Não há serviço de bordo, nem a tradicional caixa de isopor com bebidas pagas.

Na chegada a Florianópolis, o outro motorista, que assumiu a direção no meio da viagem, despede-se com um sorriso de alívio pela missão cumprida. Mas fica a impressão de que a Reunidas deveria, para uma viagem de no mínimo 10 horas de duração, utilizar um veículo mais moderno. Além de tresnoitadas, algumas pessoas estão suadas, um pouco irritadas.

– Não acredito que consegui sair deste ônibus – queixa-se uma jovem, falando baixo para que o motorista não ouça.

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::: Checklist

Pontualidade

A partida saiu atrasada 10 minutos. Chega-se à rodoviária de Florianópolis com 2 horas e 20 minutos de atraso em relação à previsão inicial por causa de congestionamentos na estrada. Os clientes mais assíduos da linha comentam, porém, que o condutor foi mais vagaroso do que de costume.

Condições do veículo

A viagem foi feita em um ônibus convencional, com sinais de uso intenso. O tecido azul da poltrona, com detalhes em vermelho e amarelo, estava gasto, mas limpo.

Ar-condicionado

A temperatura oscila. Nos bancos da frente, as pessoas estão enroladas em cobertores, indicando que o aparelho funciona e proporciona aquele friozinho aconchegante. Na traseira, porém, predomina um bafo. A temperatura é desigual.

Saídas de emergência e cintos de segurança

Em perfeitas condições

Banheiros

Estavam limpos no início. Nem tanto ao final, mas por culpa de alguns passageiros.

Barulhos

Não foi observado nenhum barulho estranho. Mas o ruído do motor, um “vrum-vrum” constante, é audível demais para quem viaja na traseira.

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