Na Bacia do Itacorubi, no Leste e no Sul da Ilha de Santa Catarina, a sexta-feira, 12, foi dia de limpeza, reconstrução dos estragos e contabilização do prejuízo causado pelas fortes chuvas que atingiram Florianópolis entre terça e quinta-feira. As três regiões foram as mais atingidas pelos temporais e registraram inúmeros pontos de deslizamento de terra, alagamentos e inundações em prédios e casas, além da perda de móveis, eletrodomésticos e veículos.

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No Itacorubi, moradores do Edifício Saint Etienne, que fica na Rodovia Admar Gonzaga (SC-404), próximo à Udesc, tiraram o dia para tentar salvar o que podiam da garagem do prédio. Na madrugada de quinta-feira, o local foi completamente inundado e oito carros, uma moto e dezenas de bicicletas ficaram literalmente embaixo d’água.

— Hoje o trabalho é de limpeza e retirada da lama, não tem muito o que fazer. Tivemos até que contratar uma empresa para nos ajudar. A esperança é que o tempo firme, mas, infelizmente, temos que ficar olhando pra cima porque se enfeiar o tempo, temos que correr pra cá — disse o síndico Rafael da Rosa.

Seguindo na Rodovia Admar Gonzaga em direção ao Leste da Ilha, é preciso passar pelo Morro da Lagoa. Ali, além do trecho de acostamento danificado logo no início da subida, houve apenas pequenos deslizamentos de terra, mas nada que prejudique o tráfego de véiculos. Vale lembrar que, ainda assim, os motoristas devem se manter atentos ao volante.

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Leste da Ilha

A sexta-feira começou com o sol despontando no horizonte, algo que não se via desde a segunda-feira. Assim, foi o grande o movimento de moradores e, principalmente, turistas na região da Lagoa da Conceição. Ainda com tráfego em meia pista nas primeiras horas da manhã por conta de um alagamento, a Avenida das Rendeiras registrou as costumeiras filas de veículos durante a temporada de verão.

Na rodovia SC-406, que liga a Praia Mole à Barra da Lagoa, um lado da pista seguiu interditado até o início da tarde, quando o Deinfra fez a retirada da lama e das árvores caídas. Ainda assim, a preocupação é com novos riscos de deslizamento de terra.

— Precisamos de um projeto definitivo de contenção de encosta, porque daqui a pouco vai cair de novo. Vamos elaborar esse projeto junto à diretoria de estudos e projetos do Deinfra e tentar viabilizar os recursos junto ao governo federal — informa o superintendente do Deinfra na Grande Florianópolis, Cléo Reis Quaresma.

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De fato, o relato de moradores da região é de que o problema é recorrente. Sempre que há uma chuva de maior intensidade, a SC-406 sofre com o deslizamento de terra e o consequente fechamento de pista.

— Pedimos um pouco mais de atenção da prefeitura e dos órgãos públicos, porque sempre ocorre deslizamento aqui quando a chuva é forte. Nosso medo é que volte a chover e aconteça de novo — afirma a professora Selma Pereira, de 39 anos, que mora quase em frente do local onde houve o deslizamento de terra.

A cabeleireira Sueli Moreira, de 45 anos, mora na Fortaleza da Barra e costuma caminhar na rodovia SC-406 todos os dias. Acostumada ao trânsito durante a temporada de verão, ela acredita que este final de semana será ainda pior que o de costume.

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— Nunca tinha visto nada parecido com isso, está o maior perigo. O final de semana vai ser um caos. Já imaginou como vai ficar só com uma pista? Isso vai ser uma loucura.

Sul da Ilha

Talvez a região de Florianópolis mais atingida pelas chvuas tenha sido o Rio Tavares, no Sul da Ilha. Na Servidão Beira Rio, próximo ao Trevo da Seta, a água invadiu as casas e chegou a mais de um metro de altura, destruindo tudo o que dezenas de famílias conquistaram com o suor do trabalho.

— O prejuízo de todas as casas foi grande. Geladeira, fogão, camas… o pessoal perdeu tudo. Estamos tentando salvar alguma coisa, contando com ajuda de amigos, mas vai demorar um tempo. A gente batalha tanto para ter as coisas e de repente perde tudo… Vamos precisar contar muito com ajuda para poder recuperar as coisas — lamenta Selma Janaína, de 30 anos, que trabalha com serviços gerais.

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Solidária à vizinhança, a aposentada Margarete Cunha, de 53 anos, tirou o dia para ajudar os moradores da Servidão Beira Rio. Na rua onde mora a chuva não causou grandes estragos, então ela tirou o dia para tentar minimizar o sofrimento de quem perdeu tudo o que tinha.

— Vim pegar as roupas do pessoal para lavar e trazer comida e água potável, porque não tem condições de tomar nada dessa lama. O pessoal aqui é pobre e perdeu tudo, nem colchão e vassoura sobraram. A gente tenta ajudar como pode.

Perto dali, às margens da rodovia SC-405, onde o nível da água baixou e o tráfego de veículos já foi liberado, o comerciante Hamilton Freitas Barbosa contabilizava o prejuízo em sua loja de eletrodomésticos usados. No primeiro cálculo, ao menos 20 aparelhos foram danificados (geladeiras, fogões, máquinas de lavar, etc.), deixando o prejuízo de, no mínimo, R$ 20 mil. Sem deixar se abater, Hamilton já trabalha para dar a volta por cima.

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— Foi tudo para dentro da água, porque ela invadiu a loja e chegou a um metro de altura. Agora vamos desmontar as máquinas, ver o estado das placas (eletrônicas) e motores e ver se dá pra salvar alguma coisa. Só com o tempo é que as coisas vão voltar ao normal. Agora, é trabalhar dia após dia.

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