O olhar de encantamento pela barriga que cresce é de quem ouviu por inúmeras vezes que a probabilidade de engravidar era pequena. O motivo? Liliane Marque de Vargas Krause, 34 anos, passou por tratamento quimioterápico contra um câncer de mama. Em decorrência dos medicamentos, teve a fertilidade diminuída. Ela descobriu o nódulo durante o autoexame, em casa, em 2011. O diagnóstico foi confirmado quando ela completava um mês de namoro.

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O primeiro medo foi o de morrer. Mais tarde, quando entendeu que as chances de cura chegam a 95% se a doença é detectada cedo, mudou de preocupação. Ela já tinha uma filha, mas o casal nutria o sonho de aumentar a família.

– Muitos médicos disseram que isso seria praticamente impossível. Eu já nem esperava mais. Mas aí meus seios começaram a inchar e comentei na Rede Feminina se não poderia ser gravidez. Sai dali e fiz o teste – relembra.

A gestação está no sexto mês, e o bebê cresce saudável como a mãe. Liliane concluiu o tratamento após um ano do diagnóstico. Ela conta que o processo foi dolorido. Perdeu o cabelo, precisou retirar parte de uma mama e encontrou apoio no marido e na filha. Aliás, a adolescente foi a primeira a suspeitar que a mãe estivesse grávida do tão desejado irmão.

Nunca imaginei que pudesse me sentir tão completa depois de um período tão difícil – afirma Liliane.

A ginecologista e obstetra da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau, Stephani de Brito Augusto, define o caso como exceção. Isso porque a taxa de gestação entre pacientes que fizeram tratamento quimioterápico é de uma para casa três mil.

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– Sabemos que após a paciente passar por um tratamento de câncer ela tem a função ovariana alterada. Então é um evento possível, porém muito raro – afirma.

Gestação está no sexto mês, e o bebê cresce saudável
Gestação está no sexto mês, e o bebê cresce saudável (Foto: Patrick Rodrigues)

A doença e o autoexame

Estima-se que em um universo de 100 mil mulheres, 56 terão câncer de mama. A doença tem origem na multiplicação desordenada de células dentro do seio e os fatores que levam ao surgimento da neoplasia são variados. Segundo a médica Rede Feminina, mulheres com parentes de primeiro grau afetados pelo câncer de mama antes dos 50 anos ou com algum caso de câncer ginecológico na família têm o risco aumentado. Sedentarismo, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas e cigarro também têm relação com a doença.

Nesse cenário, o autoexame surge como um aliado no diagnóstico precoce, que aumenta as chances de cura. Stephani explica que a mulher deve imaginar a mama como um relógio e apalpar todas as horas. A recomendação é que seja feito uma vez ao mês, sempre dez dias depois da menstruação. É preciso observar o aparecimento de caroços, pele mais avermelhada, inversão do mamilo, presença de nódulos nas axilas, no pescoço ou até mesmo secreção anormal na mama que antes não era percebida.

– Para que a mulher consiga enfrentar o diagnóstico, não pode ter medo da informação. Ela deve tirar todas as dúvidas com o médico. Além disso, se apoiar nas pessoas em que mais ama, ter uma rede sólida de apoio familiar, de amigos, no trabalho. É essencial também se apoiar em pessoas que assim como ela estão enfrentando a doença, para que ela não esteja sozinha nessa situação. Cuidar de si, do coração e da mente é fundamental – pontua Stephani.

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