Os índices de criminalidade reduziram em Santa Catarina após a circulação de pessoas nas ruas ter sido restringida por decreto estadual devido ao novo coronavírus. Porém, há um tipo de crime que o isolamento não inibiu em Blumenau: o de violência doméstica. Conforme dados da Polícia Militar, os casos cresceram 39% em comparação ao mesmo período do ano passado.

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Em março deste ano foram 78 pedidos de ajuda registrados pelo 190, número emergencial da PM. No mesmo mês em 2019 foram 56. Antes das medidas de isolamento, entre 1° e 18, a média diária de chamados era de 2,5. A partir do dia 19 houve um pequeno aumento: 2,75 ocorrências por dia.

A tenente da PM Karla Medeiros, coordenadora da Rede Catarina, um programa que acompanha mulheres vítimas de violência doméstica, conta que no dia a dia os policiais enxergam uma realidade diferente da estabelecida no decreto estadual. Pelos bairros de Blumenau, muitas pessoas circulam normalmente, como se não houvesse a orientação de que a comunidade permaneça em casa. Com o cotidiano quase “normalizado”, o perfil das ocorrências continua o mesmo.

Ela explica que grande parte dos casos de violência doméstica está atrelada ao consumo de álcool e drogas. E, mesmo com os bares fechados, os agressores conseguem ter acesso às bebidas.

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— A impressão dos policiais que atendem as ocorrências permanece a mesma. A questão da bebida alcoólica não mudou porque se eles não podem ir para o bar beber, eles estão bebendo em casa, comprando bebida — conta Karla.

Números menores

Por outro lado, os boletins feitos na Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Blumenau diminuíram.

A delegada Juliana Tridapalli explica não ser possível detalhar a queda, mas que a redução não significa que as agressões pararam de ocorrer. Conforme a coordenadora Estadual das DPCAMIs, Patrícia Zimmermann D'Avila, o confinamento entre as pessoas pode piorar a situação. Embora os números não apareçam, vítimas e agressores acabam convivendo em tempo integral neste período, o que também dificultaria as denúncias e os pedidos de socorro.

A Polícia Civil reforça alternativas para que as vítimas consigam buscar ajuda. Além do 190, a mulher ou qualquer pessoa que tenha notado a violência pode acessar o site da Polícia Civil neste link e informar o fato na delegacia virtual, ligar para o canal de denúncias sugerido pelas delegadas – 181 ou 180 –, acionar o disque 100 ou mandar uma mensagem através do WhatsApp para o número (48) 98844-0011.

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Denuncie
Denuncie (Foto: Arte DC)

— Muitos não sabem lidar com a tecnologia e não conseguem fazer a denúncia na delegacia porque não tem transporte coletivo — complementa Juliana.

Durante a pandemia, mesmo os crimes que não estão especificados no link podem ser denunciados pela internet.

Queda no número de medidas protetivas

Juliana garante que as denúncias virtuais são tratadas com a mesma celeridade que as presenciais. Em meia hora o policial confere as informações que chegam e encaminha o relato ao delegado. Se a delegacia entender que a situação precisa de intervenção imediata, como a solicitação de uma medida protetiva, o acionamento da Justiça ocorre pela internet.

Com a diminuição na procura pela DPCAMI, que continua atendendo normalmente, a quantidade de medidas protetivas solicitadas também caiu. Conforme Juliana, entre o dia 18 de março e 1° de abril foram 14 requerimentos. No mesmo período, no ano passado, foram 29. A Justiça concede a proteção de forma virtual durante a quarentena, com assinatura eletrônica. Se necessário, a vítima é encaminhada ao Instituto Médico Legal para o exame de corpo de delito.

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Assistência Social

Nas últimas semanas o Serviço de Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savs) registrou um aumento no número de casos de violência doméstica. Durante o período de quarentena por conta do coronavírus, a procura pelo serviço aumentou de um para cerca de cinco casos por semana.

As agressões têm sido identificadas pelas unidades Estratégia Saúde da Família (ESF) e Ambulatórios Gerais (AGs) durante atendimentos de urgência e emergência. Porém, Juliana pondera que o Savs esteja absorvendo demandas comumente atendidas pelos centros de assistência social, que sofreram alterações no atendimento devido à pandemia.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Os telefones disponíveis para demandas gerais da Assistência Social são 3381-6607, 3381-6619, 3381-6653, 3381-6640, 3381-7559 e 3381-6642. Em caso de necessidade de atendimento presencial é realizada visita domiciliar ou na sede da Secretaria.

As situações pertinentes ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) podem entrar em contato direto pelo telefone 3381-6603 ou 99264-2015. Se necessário será agendada visita domiciliar.

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