No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff se encontra com estadistas mundiais na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, empresários e especialistas em sustentabilidade se reúnem no Rio de Janeiro para propor ações de desenvolvimento sustentável independentes do governo.

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Em plena ascensão na economia mundial, o Brasil ainda não é considerado modelo de desenvolvimento que alia as práticas de crescimento econômico, inclusão social e preservação do meio ambiente – o tripé da sustentabilidade.

Para pontuar ações práticas que podem levar o país a este patamar, o evento Sustentável 2013 – Da Visão 2050 à Ação 2020 – discute a implantação de agenda comum para ser adotada pelas empresas em sete anos, a partir de documento assinado pelo setor empresarial na Rio+20, no ano passado.

– A meta no curto prazo ajuda a desburocratizar a tomada de decisão e evita a procrastinação por parte das lideranças – explica Philippe Joubert, consultor sênior do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável.

Segundo ele, é preciso se adaptar à realidade das mudanças que já estão acontecendo. Joubert defende que crise financeira e problemas políticos não justificam a falta de ação por parte dos empresários, mas que devem impulsioná-los a uma “desobediência civil e pacífica”.

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Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), enfatiza que a mudança consiste em uma ruptura no pensamento que separa desenvolvimento econômico da preservação ambiental, para pensar em soluções para o saneamento, infraestrutura, alta carga de impostos e mobilidade, por exemplo.

Outro ponto destacado por Marina é assumir a erradicação da pobreza como um tema central do desenvolvimento:

– São gargalos que não combinam com uma das maiores economias do mundo. É preciso mudar a forma de lidar com isso, para não perder a oportunidade que o Brasil está tendo no cenário internacional.

A presidente do Cebds explica ainda que a adoção de um plano de ação para 2020 é semelhante a adoção dos Objetivos do Milênio pela ONU, só que independe da ação do governo, já que o documento “A Visão 2020” é feito por especialistas da área.

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Sobre a presença brasileira na ONU, o economista e professor de relações internacionais da USP José Eli da Veiga destaca a necessidade de protagonismo:

– O Brasil na questão ambiental, tem uma cota superior a que teria como potencia regional ou em ascensão – explica Veiga, referindo-se a questões como a exuberância de recursos naturais e potencial de exploração hídrica.

*A repórter viajou à convite do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds)