No dia seguinte à divulgação de gravações que mostram o líder da greve dos PMs da Bahia, Marco Prisco, orientando o colega David Salomão a fechar a BR-116 como parte das ações de mobilização, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que alguns cabeças do movimento grevista enganaram os policiais que aderiram pacificamente à paralisação.

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– Tenho convicção de que os próprios policiais militares, ao verem aquele material (gravações), vão entender que foram enganados. Uma coisa é buscar melhoria salarial, outra é fazer atos de vandalismo para obter este fim – afirmou o governador.

Jaques Wagner conclamou os policiais a voltarem ao trabalho.

– A democracia venceu o medo, na medida em que se tentava intimidar pessoas e agora esse foco principal foi debelado – disse o governador sobre o fato de a Assembleia Legislativa, ocupada por um grupo de PMs, ter sido esvaziada na manhã desta quinta, quando o ex-policial Marco Prisco foi preso.

– Minha palavra agora é: muito serena e de paz. Voltem e tenham confiança no governador, que meu esforço será de recuperar e valorizar os PMs da Bahia – disse Wagner.

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O governador tem insistido que os policiais que aderiram pacificamente à greve não sofrerão qualquer punição. Já os que usaram armas e incitaram a violência, segundo Jaques Wagner, responderão a processo judicial e administrativo.

Confira na linha do tempo, o histórico da greve dos PMs baianos:

31 de janeiro

Foto: Margarida Neide/AE

Após assembleia de uma das nove associações que representam a categoria, PMs entram em greve por tempo indeterminado na Bahia. O governo não reconhece o movimento.

1º de fevereiro

Foto: RAUL SPINASSÉ/AE

Por meio de liminar, a Justiça decreta a ilegalidade da greve de policiais militares. Começam a chegar a Salvador contingentes da Força Nacional de Segurança e do Exército para atuar no policiamento. Policiais em greve entram em confronto com militares em exercício.

2 de fevereiro

Foto: CLAUDIONOR JUNIOR/AE

Salvador registra alta do número de assassinatos e de ataques ao comércio. Shows são cancelados e lojas fecham com a onda de violência.

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3 de fevereiro

Foto: ARESTIDES BAPTISTA/AE

Pelo menos cinco lojas de eletrodomésticos foram saqueadas em bairros centrais de Salvador. Segundo testemunhas, grupos grandes de mais de 30 pessoas, a maioria encapuzada e algumas armadas, promoveram o arrombamento e o furto de mercadorias dos estabelecimentos que estavam fechados na hora dos ataques.

4 de fevereiro

Foto: Lúcio Távora/AE

O governador da Bahia, Jaques Wagner, diz que os PMs em greve promovem um “banho de sangue” para amedrontar a população baiana. Manifestantes continuam com onda de saques e incendeiam lojas.

5 de fevereiro

Foto: Adenilson Nunes/SECOM

Um dos 12 policiais grevistas que tiveram a prisão decretada pela Justiça é detido. O PM é suspeito de formação de quadrilha e roubo de um carro da corporação. O Exército usa blindados Urutu para patrulhar as ruas de Salvador.

6 de fevereiro

Foto: Lúcio Távora/AP

Invadida por grevistas, a Assembleia Legislativa da Bahia é cercada por tropas do Exército. A luz é cortada no local, e manifestantes e militares entram em confronto.

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7 de fevereiro

Foto: Arquidiocese de Salvador/Divulgação

Reunião entre policiais e governo termina sem acordo. Polícia Federal prende segundo líder da greve da PM na Bahia.

8 de fevereiro

Foto: Felipe Dana, AP

Enquanto o governador Jaques Wagner e empresários se comprometem, respectivamente, em aumentar a negociação para o fim da greve e em garantir a realização do Carnaval, conversas gravadas entre chefes de PMs causaram polêmica. Os áudios mostravam que seriam realizadas ações de vandalismo em Salvador.