— Tem candidato que oferece carne, cerveja, lajota para morador. Já me ofereceram dinheiro para trazer os votos da comunidade. Mas não é o líder comunitário que garante o voto. São as propostas e os projetos do candidato e se elas vão beneficiar a comunidade.

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Com este pensamento, o presidente do Conselho Comunitário do Morro da Mariquinha, em Florianópolis, Alex Correia, “lacrou” na tarde de ontem durante o encontro de líderes comunitários com a comissão OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) Cidadã.

O exemplo, aplaudido pelas mais de 150 pessoas, foi compartilhado após o presidente da OAB em Santa Catarina, Paulo Brincas, explicar e detalhar mais sobre a campanha Vote Consciente, uma parceria da OAB, Diário Catarinense e demais veículos, como a Hora. Segundo o presidente, o objetivo é que os líderes se transformem em porta-vozes da campanha em suas comunidades.

— Nós queremos barrar a compra de votos. O líder comunitário pode orientar o morador de que não adianta ele receber um caminhão de telha, lajota, e resolver um problema momentâneo. Se nos anos seguintes ele não terá escola, creche, nem posto de saúde, e ninguém olhando pela comunidade dele — explicou Brincas.

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Vídeo: Vocês sabe o que é compra ou venda de votos?

O presidente ainda lembrou da história de um morador, que contou que votou em determinado vereador porque este teria comprado as camisetas do time de futebol do bairro.

— O mais curioso é que ele não viu má-fé nisso. Eu notei que ele não fez por mal. Ele realmente acha que é assim que as coisas funcionam e temos que mudar isso — complementou.

Boa sugestão

Alex Correia, por exemplo, convidou os candidatos a vereador a irem todos de uma só vez no Morro da Mariquinha. Chamou os moradores e fez um pagode no último fim de semana. Oito candidatos a vereador compareceram e cerca de 150 pessoas da comunidade.

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— Se depender de mim, o candidato não vai subir o morro sozinho e para comprar votos. Nós temos 20 áreas de risco, não temos um centro comunitário e nem uma área de lazer para as crianças. E ninguém do governo nos dá atenção — observa o líder comunitário.

O que fazer ao flagrar compra de votos?

A presidente do Conselho Comunitário de Ratones (CCR), Nilda de Oliveira, surgiu com um questionamento: o que fazer se a compra de votos for flagrada? Segundo ela, em seu bairro, tem atuação de cabos de candidatos que oferecem “ajudinhas indevidas”. O pior é que os determinados candidatos nem sequer aparecem para falar das propostas aos moradores.

A resposta do presidente da OAB foi enfática: “Avisa a polícia”. Se há como comprovar e fazer o flagra, o primeiro passo é chamar a autoridade policial. A OAB, afirmou Brincas, também tem como meta acompanhar estes casos.

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De acordo com a lei eleitoral, é considerado crime “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita“. A pena prevista é de reclusão de até quatro anos e pagamento de multa.