Lideranças do PT em Santa Catarina manifestaram na noite desta quinta-feira que a ordem de prisão contra Lula não abala as pretensões do partido para as eleições em outubro. O discurso é de que o mandado de prisão e a condenação em segunda instância do ex-presidente não são definitivos.

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Presidente da legenda em Santa Catarina e pré-candidato ao governo do Estado, o deputado federal Décio Lima se manifestou nas redes sociais. Em um vídeo gravado e divulgado por volta das 21h10min, ele classificou o decreto de prisão com um ato de perseguição a Lula e se referiu ao juiz Sergio Moro como “crápula” e “canalha”. Décio Lima também convocou a militância a se mobilizar:

“Somos milhares de Lula! Não vamos nos curvar à ditadura do Moro e do MP. Lula é vítima de perseguição política. Cabeça erguida e seguimos firmes e fortes. Estamos reunidos na sede do PT/SC organizando e mobilizando a militância que estará amanhã (sexta-feira) com Lula. Lula representa a síntese do povo trabalhador”, escreveu Décio Lima.

À reportagem, o deputado federal Pedro Uczai defendeu que a ordem de prisão contra Lula é política e que, mesmo com o ex-presidente preso, o projeto do partido e a pré-candidatura de Décio Lima serão mantidos.

—A prisão não elimina as ideias, não elimina nosso projeto. E, portanto, o Lula continuará uma referência política nossa e é o nosso pré-candidato à presidência da República. Nesse contexto, nós vamos apresentar um projeto alternativo para Santa Catarina— destacou.

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Também procurado pela reportagem, o deputado estadual Dirceu Dresch, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa de SC (Alesc), reforçou o discurso de autonomia do partido e de candidatura própria ao Estado.

—Sem dúvida nenhuma o PT continua. O PT não é o Lula. O Lula é um grande líder nosso, uma referência, mas o Partido dos Trabalhadores é um projeto para o Brasil. Não é possível que a população catarinense continue apoiando o grupo político que vem governando o Estado há tanto tempo — afirmou.

Confira manifestações de outras lideranças partidárias em Santa Catarina (declarações antes da divulgação da ordem de prisão):

“Era o que todo mundo esperava (resultado do julgamento). Seria surpresa se o resultado fosse diferente. Aí teríamos reações muito fortes da sociedade. Agora, é esperar baixar a poeira e a vida segue. Não vejo que tenha influência no processo nosso (eleições em Santa Catarina). Aqui não tem esta extensão. Claro que, se o Lula pudesse ser candidato, ele sempre é um candidato forte, anima mais a militância dos partidos de esquerda. Mas, do ponto de vista prático, eleitoral, quantitativo, não vejo grandes influências” .

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Deputado federal Mauro Mariani, presidente estadual do PMDB

“O STF não se acovardou. Significa dizer que o Judiciário está vivo, dentro dos preceitos constitucionais. Na política, o Brasil vive momento de extremos. De um lado, o próprio Lula com sua arrogância, prepotência, de não respeito às instituições, em proposta de enfrentamento. E, de outro lado, a extrema direita representada pelo deputado Bolsonaro, que diz o que quer, da forma que quer, com palavrões, não respeita. O que falta é o surgimento de alguém que pense no Brasil, que tenha capacidade de juntar Estados e colocar o trem no trilho. O PT, no meu entendimento, já não tinha condições de ter candidato competitivo (em Santa Catarina), apesar de ter pessoas filiadas ao PT de boa índole. Mas, infelizmente, a sigla está arrastando todo mundo para baixo. A cúpula petista nacional está arrastando todo mundo para baixo. É bem possível que tenhamos uma tripolarização na eleição deste ano. O PSDB pode estar sendo protagonista do encerramento de uma bipolarização e o protagonista do início de uma tripolarização. Pode ser que inicie nesta eleição com três candidaturas ao Estado. Temos definido nosso nome, o senador Paulo Bauer”.

Deputado estadual Marcos Vieira, presidente estadual do PSDB

“É uma interpretação bem complexa para quem não é da área, mas pelo que acompanhei das manifestações de votos, concluo que a decisão é correta. O mérito termina na segunda instância. Ou seja, quando o processo chega ao Supremo, já houve uma decisão de mérito. Só o que pode ser avaliado no STF é uma correção de alguma falha no processo, mas não o mérito. Muitas vezes esses processos para julgar apenas a questão do direito, que não é mais o mérito, fica lá 10 anos para ser julgado. Então, quando vai ser preso? Só quando tiver o trânsito em julgado. Mas há exemplos em que termina o prazo e a pessoa não é presa. Se vale para um, vale para outros. Não falo apenas do ex-presidente, levo em consideração o geral. Se isto daqui para frente vai valer para todos, ótimo. O que vai influenciar nos partidos eu não saberia avaliar exatamente como vai ser. . Penso que o pessoal vai avaliar bem cada candidato, independentemente do partido, seu histórico de confiança, credibilidade, ética. Penso que vai passar muito por esse lado”

Deputado estadual Sílvio Dreveck, presidente estadual do PP