Lideranças políticas e empresariais de Xaxim estão buscando uma solução para o frigorífico que abate 180 mil aves por dia, gera dois mil empregos e representa 21% do movimento econômico do município. Na semana passada a Aurora Alimentos, que arrendou a unidade em 2012, comunicou que vai deixar a unidade em dez meses. O motivo foi uma notificação de intenção de rescisão contratual emitida pelo síndico da Massa Falida da Chapecó Alimentos, o advogado Alexandre Brito de Araújo.

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Na quarta-feira o síndico participou de reuniões na Prefeitura e na Câmara de Vereadores, explicando sobre a notificação da Aurora.

– Era uma medida necessária para preservar o patrimônio da Massa Falida, pois o arrendamento já havia vencido e nossa intenção é vender a unidade para pagar os credores. A arrendatária tinha preferência mas não manifestou interesse, pois considerava a avaliação muito alta. Nós não poderíamos vender por valor menor do que o definido em avaliação judicial, que atualmente está em R$ 318 milhões – disse Araújo.

A direção da Aurora manifestou em nota que pretende transferir a produção e funcionários para outras unidades, como Guatambu, Quilombo e Abelardo Luz.

A decisão gerou uma preocupação na cidade.

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– Desde a semana passada é o assunto na cidade. Nós fomos até Florianópolis falar com o síndico e trouxemos ele aqui para prestar esclarecimentos. Vamos falar com a direção da Aurora e buscar que eles possam rever isso. Penso que se não tiver integrados e funcionários fica difícil outra empresa assumir. Nós estamos juntos para manter a produção, com a atual arrendatária ou uma nova – disse o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Xaxim, Emerson Borin.

Na terça-feira, em outra reunião na Câmara dos Vereadores, o coordenador do movimento econômico da Associação dos Municípios do Alto Irani, Leocir Gandolfi, avaliou que o fechamento da unidade de Xaxim geraria uma perda de retorno de ICMS entre R$ 4,6 milhões e R$ 8 milhões por ano ao município.

– O movimento econômico de Xaxim foi de R$ 928 milhões em 2018 e a empresa representa 21% disso. Como o retorno de ICMS é de 27 milhões isso representaria dois meses de faturamento da prefeitura. Mas isso caso a empresa fechasse e o impacto também seria só a partir de 2022. O impacto até pode não ser esse caso seja aprovada a Reforma Tributária- explicou.

O secretário de Administração do Município, Melchior Berté, acredita que o impacto seria de R$ 350 mil mensais (R$ 4 milhões/ano), numa receita de R$ 7,5 milhões por mês.

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– O impacto não seria tão grande pois aviários, transportadores continuariam. Mas acreditamos também na continuidade da produção, seja pela Aurora, caso seja feita uma avaliação por menor preço, ou outra empresa – destacou.

O síndico da Massa Falida, Alexandre Brito de Araújo, disse que os próprios credores tem interesse em reduzir o valor para que a venda seja efetivada. Ele destacou que, da dívida de R$ 1,2 bilhão, 47% é do BNDES e 8% do Banco do Brasil, que podem financiar grupos interessados na aquisição da planta. Ele acredita que alguns funcionários podem optar por ficar trabalhando em Xaxim, neste caso.

A intenção é lançar um leilão dentro desses dez meses ou então abrir para carta-proposta. Ele também considera que o valor deve ser reduzido. Além de Xaxim a Chapecó Alimentos ainda tem a unidade de Santa Rosa, avaliada em R$ 221 milhões, que está arrendada para a Alibem, embora tenha uma disputa judicial com a arrendatária, o incubatório em Chapecó, no valor de R$ 16 milhões e mais R$ 45 milhões em patrimônio não operacional. A soma desse patrimônio está avaliado em R$ 600 milhões, o que pode ser reduzido se for diminuído o valor de Xaxim. A Massa Falida já venceu a unidade de Chapecó para a Aurora, por R$ 235 milhões, e a unidade de Cascavel para a LAR.

O patrimônio atual cobre apenas metade da dívida. Oito instituições financeiras têm 74% dos créditos. Os outros 26% estão divididos em 1.185 credores.

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