O líder norte-coreano, Kim Jong-un, alardeou o sucesso dos testes de dois mísseis de médio alcance disparados na quarta-feira, afirmando que são uma ameaça às bases americanas no Pacífico, no momento em que a ONU analisa a “violação flagrante” das resoluções do Conselho de Segurança.

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Kim, que supervisionou pessoalmente os testes, declarou que trata-se de um “grande acontecimento”, que reforça as capacidades de ataque nuclear preventivo da Coreia do Norte, segundo a agência oficial KCNA.

“Temos a capacidade segura de atacar de maneira efetiva os norte-americanos no teatro de operações do Pacífico”, disse Kim, citado pela agência oficial.

Os mísseis testados foram os Mussudan, com alcance teórico de entre 2.500 e 4.000 quilômetros, capazes de atingir as bases americanas na ilha de Guam.

Após quatro testes fracassados em 2016, a Coreia do Norte lançou na quarta-feira dois Mussudan, com um percorrendo 400 km sobre o Mar do Japão, após atingir uma altitude de 1.000 metros, e outro percorrendo 150 km, sobre a mesma zona, segundo analistas militares japoneses.

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“O teste foi realizado com sucesso, sem o menor risco para os países vizinhos”, acrescentou a agência de imprensa norte-coreana.

O Musudan foi revelado durante um desfile militar em 2010, em Pyongyang.

Nesta quarta-feira, o embaixador francês Francois Delattre, que preside o Conselho de Segurança, qualificou os disparos de “violação flagrante e inaceitável das resoluções” do órgão.

Delattre pediu uma “reação firme e rápida” do organismo que preside.

O Conselho realizou nesta quarta-feira consultas para analisar os tiros de mísseis realizados por Pyongyang.

O embaixador francês adjunto na ONU, Alexis Lamek, avaliou que há “uma grande convergência de pontos de vista” entre os 15 membros do Conselho para condenar os recentes disparos da Coreia do Norte.

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Os Estados-membros avaliam, por unanimidade, que os disparos “violam todas as resoluções do Conselho de Segurança”, e uma declaração formal “está sendo discutida (…) e deverá retomar uma mensagem firme em relação ao regime” de Pyongyang, acrescentou Lamek.

Ao ingressar na sala do Conselho de Segurança, a embaixadora americana Samantha Power disse que espera “uma condenação rápida e unificada” do que qualificou de “desafio” da Coreia do Norte.

O embaixador francês espera que o Conselho publique uma declaração unânime de seus 15 membros condenando o lançamento, como já fez no passado.

Delattre qualificou o programa balístico norte-coreano como “uma grave ameaça para a paz e a segurança regional e internacional”.

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“Diante do risco de proliferação, consideramos que a fragilidade não é uma opção”.

A situação se degradou especialmente na península coreana a partir do quarto teste nuclear da Coreia do Norte, no início de janeiro, seguido em fevereiro pelo disparo de um foguete, considerado como um teste disfarçado de míssil de longo alcance.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas reagiu na ocasião adotando as sanções mais duras já decididas contra o regime de Kim Jong-un.

O governo dos Estados Unidos anunciou no início do mês sanções destinadas a restringir ainda mais o acesso de Pyongyang ao sistema financeiro internacional, por causa da “ameaça” que representa.

gh/lr