Acusado de traição, o líder da oposição do Camboja, Kem Sokha, foi detido neste domingo (3), anunciou o governo do primeiro-ministro Hun Sen, que aumentou os julgamentos contra seus oponentes antes das eleições de 2018.

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A detenção provisória de Kem Sokha aumentou as tensões nesse país do Sudeste Asiático onde a oposição, as ONGs e a imprensa têm sido alvos de assédio e ameaças há meses.

Aos 65 anos, Hun Sen, que governo o Camboja há 32 anos, está determinado a permanecer no poder, apesar da crescente popularidade do principal partido da oposição, o Partido Cambojano do Resgate Nacional (CNRP), aparentemente em razão do descontentamento da população com a corrupção e as desigualdades.

O comunicado do governo, publicado durante a noite, menciona uma “conspiração secreta entre Kem Sokha, seu grupo e estrangeiros, prejudicando o Camboja”.

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“Esta conspiração secreta é um ato de traição”, acrescenta o governo, sem dar mais detalhes sobre o crime alegado.

No Twitter, a filha de Kem Sokha, Kem Monovithya, descreveu a chegada repentina, no meio da noite, de “entre 100 e 200 policiais sem ordem judicial”, que “revistaram e saquearam o domicílio” de seu pai.

Aos 64 anos, Kem Sokha é o líder do principal partido da oposição, cujo outro dirigente está exilado na França para escapar de várias condenações.

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Seu partido fez importantes progressos, especialmente nas eleições municipais de junho, o que preocupou o homem forte do país, que está no poder desde a queda do Khmer Vermelho.

– Fechamento de jornal opositor –

Ex-veterano do Khmer Vermelho e primeiro-ministro desde 1985, Hun Sen faz ameaças com frequência. Recentemente advertiu que haveria uma “guerra civil” se a sua formação, o Partido do Povo do Camboja (CPP), perdesse o poder nas próximas eleições.

Nos últimos meses, Hun Sen também intensificou seus ataques à imprensa. Neste domingo, o Cambodia Daily – conhecido por suas investigações sobre o nepotismo do regime – anunciou a sua edição de segunda-feira seria a última, não sendo capaz de lidar com o pagamento de US$ 6,3 milhões que o governo está exigindo, de repente, em termos de impostos atrasados.

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Por sua vez, o CNRP afirmou que a prisão era “politicamente motivada” e ilegal, uma vez que Kem Sokha goza de imunidade parlamentar por ser deputado.

A prisão ocorreu horas depois que o site Fresh News, favorável ao governo, publicou um artigo acusando Kem Sokha de ter falado sobre a queda de Hun Sen com o apoio dos Estados Unidos.

No entanto, o texto se baseava em um discurso pronunciado em 2013 na Austrália sobre seu trabalho na oposição, no qual ele disse que Washington “aconselhou-o a mudar a ditadura no Camboja”.

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Em 2016, Kem Sokha, ex-presidente do Centro Cambojano de Direitos Humanos, escondeu-se por mais de seis meses na sede de seu partido para protestar contra os processos judiciais movidos contra ele.

* AFP