Defensora do bairro, Maria Inês Gonçalves, 49 anos, fala com orgulho do Jardim Paraíso, onde vive desde 1986. A moradora é uma das lideranças comunitárias e já esteve envolvida em diferentes frentes de atuação, como saúde e segurança pública. Nestes anos que mora no local, viu a comunidade conquistar muitos avanços, resultado da união dos moradores.
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Inês já foi presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e, atualmente, integra o Conselho Comunitário do Jardim Paraíso, que conta com representantes de associações e de escolas da região. Já teve participação no Conselho de Saúde e na Associação de Moradores do Canto do Rio. Entre 2001 e 2006, ela foi agente comunitária de saúde, atividade que lhe deu a oportunidade de conhecer a realidade de muitas famílias do bairro, como a dos moradores de uma ocupação no Canto do Rio. Hoje, ela conta que essas famílias estão no Residencial Rúbia Kaiser, empreendimento destinado a beneficiários do programa federal Minha Casa, Minha Vida.
– Eu não consigo me ver em outro bairro. A solidariedade do nosso povo dá energia e força para continuar – afirma Inês, que é assistente administrativa.
Uma das lutas do bairro, lembra Inês, foi para que o Jardim Paraíso fosse definitivamente de Joinville. As terras pertenciam a São Francisco do Sul e só em abril de 1992 o bairro foi anexado ao município. Ela destaca também que uma das características do Jardim Paraíso é o acolhimento a pessoas de outros lugares. Atualmente, a população tem característica imigratória de outras regiões, em particular do Paraná, onde Inês morava antes de se mudar para Joinville. Entre as principais reivindicações do bairro, ela cita os pedidos relacionados ao trânsito. Os moradores querem mais ruas de acesso para o bairro.
Inês explica que uma de suas lutas é contra o preconceito que muitas pessoas têm em relação ao bairro. Ela admite ter noção dos problemas relacionados à segurança pública, mas defende que as pessoas não tratem a população com generalização. Essa generalização, segundo ela, faz com que moradores percam oportunidades de emprego e que alguns serviços não sejam oferecidos no bairro.
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Para combater o preconceito, ela conta que uma das conquistas da comunidade foi a criação do Jornal do Paraíso, fruto de um projeto comunitário desenvolvido desde 2007 pelo Bom Jesus/Ielusc em parceria com o Conselho Comunitário. O objetivo do periódico mensal é “contribuir para a promoção dos direitos e da autoestima da comunidade local”.
– A relação que a gente tem aqui no bairro é muito bacana. Por isso o slogan do nosso conselho é: ‘Viver no Jardim Paraíso é viver em comunidade’ – diz Inês, que todas as segundas-feiras exercita este espírito, jogando vôlei com um grupo de moradoras do bairro na Escola Municipal Professora Rosa Maria Berezoski Demarchi. Cerca de 30 mulheres integram a equipe.
A moradora lembra que uma das épocas tristes no Jardim Paraíso foi uma enchente que prejudicou muito os moradores na década de 1990. Foi traumático, mas, felizmente, a comunidade conquistou avanços, recorda Inês. A partir destes acontecimentos, o poder público começou a executar obras de infraestrutura e, aos poucos, parte do bairro foi se transformando.
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– As pessoas começaram a morar num lugar melhor, sem vala na frente de casa. Os moradores passaram a pintar suas casas, montar um jardinzinho. Foi maravilhoso ver ver a autoestima das pessoas melhorando também – relembra.
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– A gente brincava aqui entre os vizinhos que ia precisar de curso para andar num bairro pavimentado. No Natal, lembro que as crianças costumavam ganhar bola e boneca. Os presentes começaram a mudar e as crianças passaram a ganhar patins, skate e patinete – conta.