A líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi, negou nesta quarta-feira (15) ter ficado em “silêncio” sobre a tragédia dos muçulmanos rohingyas em seu país, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.

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“Eu não fiquei em silêncio”, declarou a Prêmio Nobel da Paz, criticada pela comunidade internacional por não ter defendido essa comunidade muçulmana perseguida em Mianmar, dos quais 600 mil membros fugiram para Bangladesh nos últimos dois meses e meio.

Por sua vez, Rex Tillerson declarou ser contra a adoção de sanções contra Mianmar, mas pediu uma investigação “credível” sobre as acusações de limpeza étnica que pesam sobre o Exército nacional.

“Sanções econômicas abrangentes não são algo que eu recomendaria por enquanto”, explicou Tillerson.

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“Vamos considerar tudo isso com grande cautela quando eu voltar para Washington”, acrescentou.

Chamando de “horrível” o que tem acontecido no estado de Rakhine (oeste de Miamar), onde os rohingyas estão sendo perseguidos, ele pediu o estabelecimento de uma comissão de inquérito independente, que “seria útil para todos”.

O secretário de Estado americano reuniu-se nesta quarta-feira com o chefe do Exército birmanês e depois com Aung San Suu Kyi, que é quem governa de fato o país desde abril de 2016, após as primeiras eleições livres depois de décadas de governo militar.

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Desde o final de agosto, o estado de Rakhine está em conflito. Em nome do combate contra os rebeldes rohingyas, o Exército conduz uma campanha militar que forçou ao êxodo centenas de milhares de membros desta que é a maior população apátrida do mundo.

A ONU denuncia uma operação de “limpeza étnica”.

Os rohingyas tiveram a nacionalidade birmanesa retirada em 1982 sob o regime militar. Vítimas de discriminação, não possuem documentos de identidade, não podem viajar nem se casar sem autorização. Eles também não têm acesso ao mercado de trabalho ou a serviços públicos, como escolas e hospitais.

* AFP