Foram liberadas no final da tarde desta terça-feira (26) as rodovias que estavam bloqueadas por indígenas no Oeste de Santa Catarina. A manifestação fez parte de uma mobilização em todo o país devido ao fechamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), anunciada recentemente pelo Ministério da Saúde.

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As interrupções no tráfego começaram ainda na madrugada desta terça em dois pontos da SC-480, um em Chapecó e outro em Ipuaçu, e em um ponto da BR-386, em Iraí (RS), próximo da ponte sobre o rio Uruguai, que dá acesso a Palmitos (SC).

Os indígenas reclamam que não foram consultados sobre a proposta e são contra o que consideram uma perda de direitos. Com o fechamento da Secretaria, o atendimento passaria para os municípios. Atualmente, eles recebem atendimento diferenciado do governo federal e, com a extinção da Secretaria, passariam a enfrentar mais dificuldades em conseguir exames, remédios e atendimento.

— Normalmente as aldeias são em lugares de acesso mais difícil e que recebem esse atendimento com recursos do governo federal, por profissionais que são contratados pela SESAI. Os municípios terão dificuldade em absorver o atendimento da população indígena sem o repasse de recursos. Em Ipuaçu e Entre Rios, por exemplo, é uma população de 6,9 mil indígenas que passariam para os municípios — disse Adroaldo Antônio Fidélis, que é do Conselho Distrital de Saúde Indígena da Região Oeste.

De acordo com informações da Polícia Militar Rodoviária de Bom Jesus, no bloqueio do Goio-Ên, em Chapecó, as filas chegaram a até quatro quilômetros no lado catarinense, mesmo com os manifestantes liberando o trânsito de hora em hora. Havia cerca de 200 manifestantes e a rodovia foi totalmente liberada às 16h.

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Em Ipuaçu havia cerca de 100 manifestantes. Lá, o bloqueio foi total, mas sem filas longas devido a desvios por Abelardo Luz e Entre Rios. Em Iraí, onde havia cerca de 300 indígenas, a pista foi liberada às 17h, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

Os indígenas informaram que o governo federal liberou recursos que estavam represados para a Saúde e aguardam o resultado de uma audiência no Senado, em Brasília. Eles podem voltar a fazer manifestações na sexta-feira (29), caso não seja revista a municipalização da saúde indígena.