Aos 16 anos de idade, a judoca Wodjan Ali Seraj Shaherkani, da categoria pesado (acima de 78kg), fez história nos Jogos Olímpicos de Londres, nesta sexta-feira. Ela se tornou a primeira mulher da Arábia Saudita a disputar uma Olimpíada. Isso depois de superar não só o preconceito em seu país como também o quase veto da Federação Internacional de Judô (FIJ), que não queria permitir que a atleta competisse vestindo o hijab, o tradicional véu islâmico.

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Shaherkani enfrentou Melissa Mojica, de Porto Rico. Mesmo com a derrota por ippon a 3min38seg do fim do combate, a judoca árabe foi ovaciona pelo público que compareceu à Excel Arena. Ela entrou no tatame sem o hijab tradicional, e sim com uma adaptação cobrindo a sua cabeça.

A participação da judoca em Londres somente foi decidida dias antes do início da Olimpíada após intensa negociação entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Arábia Saudita pela liberação das mulheres no evento esportivo. No país asiático, as mulheres são proibidas de praticarem esportes. Por conta disso, a judoca treinava escondida.

Já na capital londrina, Shaherkani viu sua participação ameaçada porque a FIJ não queria permitir o uso do hijab. Seu pai, Ali Shaherkani, árbitro da FIJ que está trabalhando nos Jogos, e quem cuida do treinamento da filha desde que ela começou no esporte, em 2010, ameaçou retirá-la da Olimpíada caso a tradição islâmica não fosse respeitada.

Na terça-feira, por meio de comunicado oficial, a FIJ anunciou que chegou a um acordo com o Comitê Olímpico da Arábia Saudita. Na nota, a entidade informou que trabalhou ao lado do COI numa proposta que agradasse a todas as partes. “A solução garante um bom equilíbrio entre a segurança e as considerações culturais”, diz trecho da nota.

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Em Londres, a delegação da Arábia Saudita conta com 19 atletas. Desse total, apenas duas são mulheres. Além da judoca, o país asiático conta com Sarah Attar, no atletismo (800m).