A comissão externa de combate à pandemia do novo coronavírus da Câmara Federal deve se reunir no início da próxima semana com representantes das embaixadas da China e da Índia no Brasil. A reuniões vão tratar das dificuldades na liberação de insumos necessários para a fabricação de vacinas contra Covid-19 no país.
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A definição ocorreu em uma reunião informal da comissão na tarde desta quarta-feira (20). A deputada federal catarinense Carmen Zanotto (Cidadania), que é relatora da comissão, acredita que o diálogo com as embaixadas pode ajudar os laboratórios a superar as dificuldades para liberação do produto base para a fabricação das vacinas, chamado de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), e assim manter os cronogramas de entregas. Apesar disso, ela acredita que os entraves atuais estejam mais ligados ao mercado mundial aquecido do que a questões diplomáticas envolvendo o governo federal.
– Quero acreditar que a dificuldade seja mais ligada ao consumo mundial desses insumos. Temos que trabalhar para termos mais vacinas – afirmou.
Na quarta-feira (20), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já se reuniu com o embaixador da China, Yang Wanming, para tratar justamente das dificuldades na importação do IFA para as vacinas. Na ocasião, o representante chinês também negou que algum “obstáculo político” fosse o motivo para o atraso na liberação dos insumos. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também se reuniu virtualmente com o embaixador nesta quarta para discutir o mesmo assunto.
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Fiocruz e Butantan seguem à espera dos insumos
Na reunião da comissão externa da Câmara nesta quarta, Vice-Presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, diz que o IFA destinado ao órgão está pronto para envio, mas aguarda uma licença de exportação na China. Segundo ele, o pedido dessa autorização foi feito em meados de dezembro, com previsão de ocorrer de duas a três semanas, mas já se passaram mais de cinco semanas e as licenças não foram obtidas.
– A Fiocruz está pronta para, assim que receber, iniciar a produção – afirmou, destacando a projeção de entregar 30 milhões de doses até o final de março.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, também afirmou que o órgão aguarda a chegada de matéria-prima para produzir mais doses no país. No caso do Butantan, a previsão é de cerca de 8 milhões de doses, com previsão de entrega para a segunda quinzena de fevereiro.
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O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou na reunião virtual que o governo está em negociações para a liberação do IFA na China e que também espera a liberação de dois milhões de doses da vacina Astrazeneca/Oxford, importadas na Índia, “no curto prazo”, sem dar previsão para a chegada dessas doses.
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, diz que a análise da pasta é de que a demora na liberação ocorre porque “há demanda muito grande por esses insumos”, disse que o país não tem problema na relação com a China, com quem o país mantém relação “madura e construtiva”, e que o processo de busca dos insumos está avançando.
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Comissão cobra posição sobre compra de 54 milhões de doses
Outro encaminhamento da reunião foi o envio de um ofício dos deputados para cobrar do Ministério da Saúde uma posição sobre uma compra adicional de 54 milhões de doses da vacina CoronaVac, do Instituto Butantan. O contrato firmado pelo governo federal confirmou a compra de 46 milhões de doses, das quais as primeiras já foram entregues e distribuídas aos Estados, mas prevê também a possibilidade de uma segunda aquisição de mais 54 milhões de imunizantes, totalizando 100 milhões.
Na reunião da comissão, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que uma confirmação da intenção de compra seria importante para que o órgão buscasse garantir os insumos necessários para a fabricação dessas doses. O representante do Ministério da Saúde não confirmou se o governo pretende efetuar essa segunda compra, mas disse que o assunto está sendo analisado.
Por fim, os membros da comissão também decidiram reforçar um pedido já discutido em reuniões anteriores para que pessoas com deficiência e professores, que fazem parte dos grupos prioritários, sejam atendidos de forma mais urgente quando o país tiver mais vacinas. Além disso, também houve uma solicitação para que trabalhadores da limpeza urbana também sejam incluídos no grupo preferencial que receberá a imunização.
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