Mesmo com a liberação de comboios de pelo menos 76 caminhões que estavam bloqueados nas unidades frigoríficas do Oeste, com o apoio de escoltas da Polícia Militar, a medida não deve ser suficiente para retomar o abate. A assessoria de imprensa da Aurora Alimentos, que parou o abate nas dez unidades no Estado, informou que é difícil a volta dos trabalhos na segunda-feira.

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O diretor de agropecuária da JBS, José Ribas, disse que a medida libera espaço nos estoques mas a retomada de abates, se ocorrer, será em pequeno volume.

– Só desafoga, mas temos outras travas como falta de combustível e ração racionada, se não tiver fluxo, não dá para retomar o abate – afirmou.

A empresa tem quatro frigoríficos parados no Oeste. Uma reunião na manhã de segunda-feira deve avaliar a situação. Ribas disse que, desde que iniciou a paralisação, a direção está se reunindo três vezes por dia.

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O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne) e da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa, disse que a liberação das cargas permite atender os supermercados, distribuidores e também alguns pedidos do mercado externo.

– É um pequeno oxigênio que abre espaço nas câmaras frias e evita que produtos pudessem estragar – afirmou.

As carcaças de suínos podem ficar resfriadas somente por uma semana e, depois disso, precisam ser industrializadas ou congeladas. Sem espaço nas câmaras frias, havia o risco de começar a estragar produto a partir desta semana.

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Foto: Sirli Freitas / Especial

Somente numa unidade, em São Miguel do Oeste, a Aurora estava com 360 toneladas em estoque.

Desde a paralisação dos frigoríficos do Oeste, na semana passada, deixam de ser abatidos 24 mil suínos e 4,8 milhões de frangos. As indústrias já começaram a descartar ovos que virariam pintinhos e houve algumas mortes de frangos pontuais.

De acordo com a assessoria de imprensa da Aurora houve a flexibilização da passagem de ração em alguns pontos, amenizando o problema. Mas, segundo a JBS e o Sindicarne/Acav, ainda há racionamento e falta de componentes para fabricar a ração.

Ricardo Gouvêa espera que o movimento dos caminhoneiros e agricultores flexibilize a passagem destes produtos.

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– Esperamos que o pessoal tenha sensibilidade para garantir alimentação dos animais e evitar mortes no campo – concluiu Gouvêa.

Ele destacou que, mesmo que a liberação de algumas cargas possa atender pedidos do mercado externo, algum prejuízo já aconteceu. Uma das preocupações das agroindústrias é perder contratos com países cujos mercados foram difíceis de conquistar.