O presidente do Líbano, Michel Aun, elevou o tom nesta quarta-feira (15) contra a Arábia Saudita, acusando-a de manter em detenção o primeiro-ministro Saad Hariri, no momento em que a França pressiona pelo retorno do líder ao seu país.

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Hariri não retornou ao Líbano desde que anunciou inesperadamente em Riad sua demissão em 4 de novembro. Sua liberdade de movimento é objeto de especulações, apesar de o líder libanês insistir estar “livre” e pronto para retornar.

Uma semana após a visita do presidente francês Emmanuel Macron à Arábia Saudita, a França multiplica as iniciativas para obter esse retorno, e o chanceler Jean-Yves Le Drian deve viajar a Riad nesta quarta-feira à noite.

Uma reunião está prevista com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, mas o chefe da diplomacia francesa também deve se reunir com o próprio Saad Hariri.

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Nesta quarta, Macron afirmou, através do porta-voz do governo, que deseja que Hariri “reafirme, confirme, no Líbano, sua vontade de renunciar, se essa for sua escolha”.

Diante das especulações, o chefe de Estado libanês levantou o tom contra Riad.

“Nada justifica que Hariri não esteja de volta após 12 dias. Assim, consideramos ele um cativo e detido, o que é contrário à Convenção de Viena” que rege as relações diplomáticas entre os países, indica um tuíte da presidência libanesa, citando Aun.

“Não se trata de uma renúncia, mas de uma agressão contra o Líbano, sua independência e dignidade”, acrescentou, dizendo que “o primeiro-ministro goza de imunidade diplomática”, de acordo com esta convenção.

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“Nós não vamos aceitar que ele permaneça refém”, acrescentou Aun, que disse não ser capaz de entrar em contato Hariri.

O presidente libanês foi eleito em 2016 graças ao apoio do Hezbollah xiita, rival de Hariri. Dois meses depois, este último formou seu governo com esses rivais graças a um compromisso.

Saad Hariri, um protegido de Riad, justificou sua renúncia pelos desmandos em seu país do Irã e do Hezbollah.

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Diante da crescente emoção em seu país, garantiu em uma entrevista no domingo estar “livre”.

“Quero reiterar e certificar de que estou muito bem”, garantiu Hariri em uma aparente resposta às declarações de Aun. “Eu retornarei se Deus quiser ao meu querido Líbano como prometi a vocês”, acrescentou.

Aun, por sua vez, repetiu sua posição sobre a renúncia do primeiro-ministro: “Não podemos tomar uma decisão sobre uma renúncia que tenha sido apresentada no exterior”.

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“É preciso que ele volte ao Líbano para apresentar sua demissão, reconsiderar sua decisão ou discutir seus motivos”, proclamou o presidente libanês.

Sua renúncia foi percebida como uma noa disputa entre a Arábia Saudita sunita e o Irã xiita. As duas potências do Oriente Médio já se enfrentam em outros assuntos regionais, como as guerras do Iêmen e da Síria.

bur-ram/gk/mr

* AFP