Apesar de Santa Catarina ocupar a terceira colocação do país em relação à taxa de conclusão do ensino médio até 19 anos, o Estado caminha a passos lentos no quesito e não atingiu a meta estabelecida pelo Todos pela Educação (TPE). É o que aponta o levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo movimento, com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE.
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Nos últimos 10 anos, o Estado apresentou um crescimento de apenas 0,6 ponto percentual nesse índice e passou de 62,1%, em 2005, para 62,7% em 2014. É o segundo pior crescimento do país, atrás apenas de Roraima, que caiu 8,6%. A meta estabelecida para o Estado em 2014 era ter 75,4% dos alunos de até 19 anos com o ensino médio concluído.
Cresce o número de alunos fora da escola em Santa Catarina
Para se ter uma noção de como um dos gargalos da educação catarinense está no ensino médio, quando o tema é conclusão do ensino fundamental, o Estado subiu 15 pontos percentuais em 10 anos e chegou a 89% de aprovação de alunos com até 16 anos, segunda melhor colocação do país.
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– O foco em SC foi muito forte no ensino fundamental. O Estado precisa de uma reflexão sobre isso – avalia a superintendente do TPE, Alejandra Meraz Velasco.
Ela cita ainda a taxa de reprovação no ensino médio em SC, que ao contrário do Sul e do Brasil, teve aumento significativo, passando de 9,1% em 2007 para 13,8% em 2014, o que influencia na taxa de conclusão:
– A reprovação não pode ser uma política, não pode ser a resposta para o baixo rendimento. Tem que ter políticas de reforço escolar.
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É o número de jovens até 19 anos que concluíram ensino médio em SC em 2014
Solução passa por resgatar o interesse dos estudantes
A solução para que jovens não abandonem a escola não é simples e exige a reformulação do ensino médio. Para Alejandra, há uma carga muito grande de conteúdo, tratado de forma superficial e que não dialoga com a realidade do jovem.
Membro do Conselho Estadual de Educação de SC, Maurício Fernandes Pereira diz que o problema é nacional e que os principais obstáculos passam por três questões fundamentais: a falta de sentido e significado do ensino médio, que está relacionado a problemas no currículo; excesso de matérias e a pouca relação com o mercado de trabalho.
– É um problema de longa data. Mas na minha percepção, o Estado está avançando – defende Pereira.
Novo currículo vai se adequar ao aluno de hoje
A coordenadora do Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação, Sirley Damian de Medeiros, reforça que Santa Catarina tem feito ações e participado de discussões que incluem o ensino médio. Uma delas é a concepção conjunta da Base Nacional Comum Curricular.
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Conheça as 19 metas do Plano Estadual de Educação
A intenção é rever o que será obrigatoriamente ensinado em toda a educação básica, inclusive do ensino médio, no ano que vem, para se ¿adequar ao aluno contemporâneo¿. A coordenadora também destaca o programa nacional Ensino Médio Inovador, que engloba 160 das 700 escolas com ensino médio de SC, no qual os alunos têm aulas de cultura, convivência e até três dias de período integral.
O programa, segundo Sirley, já elevou a taxa de aprovação e reduziu a evasão entre os adolescentes. Apesar da melhora nos índices gerais, o Brasil ainda precisa corrigir desigualdades como as diferenças nas taxas de conclusão do ensino médio aos 19 anos quando segmentadas por renda per capita, raça, cor e localidade.
A diferença na aprovação entre os 25% mais ricos e os 25% mais pobres da população caiu de 62,4 pontos percentuais em 2005 para 48,1 pontos percentuais em 2014. Em 10 anos, o Brasil também reduziu a proporção de jovens de 19 anos que apenas estudam de 18,9% para 17,7%. A porcentagem dos que só trabalham aumentou de 40,5% para 41,7% e a parcela que nem estuda e trabalha também cresceu de 23,1% para 24,5%.
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