Uma das formas mais comuns de câncer em crianças e adultos em todo o mundo, a leucemia representa cerca de 3% de todos os novos casos diagnosticados a cada ano. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), foram identificados 11.540 novos casos no Brasil em 2022, e o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2020 aponta 6.738 mortes causadas pela doença. Hoje, a leucemia é o décimo tipo de câncer mais frequente no Brasil, se desconsiderados os tumores de pele não melanoma.
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Conheça o Hospital Santa Catarina de Blumenau
Para chamar a atenção da população para a doença, o mês de fevereiro é dedicado à campanha “Fevereiro Laranja”, que tem como foco a conscientização sobre a leucemia, de modo a disseminar informações sobre esse tipo de câncer, a prevenção, a importância do diagnóstico precoce e também o tratamento adequado. O mês também é lembrado no Hospital Santa Catarina de Blumenau, que tem uma equipe especializada.
A campanha destaca ainda a necessidade de apoio emocional aos pacientes e às famílias, ressaltando a importância do entendimento e solidariedade no enfrentamento da doença. Ao promover a conscientização, o Fevereiro Laranja busca reduzir o estigma associado à leucemia, incentivando a empatia e o apoio à pesquisa para avanços no tratamento e na qualidade de vida das pessoas diagnosticadas.
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O que é leucemia
A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas e a medula óssea, responsáveis pela produção de sangue no organismo. A medula é a “fábrica do sangue”, como explica o médico hematologista Alysson Rafael Fabris, no Hospital Santa Catarina de Blumenau: é lá que são produzidas as hemácias, células responsáveis por carregar o oxigênio pelo corpo; os leucócitos, que fazem a defesa imunológica; e as plaquetas, responsáveis pela coagulação sanguínea.
— Todos os sintomas da leucemia advém da interferência do blasto, a célula doente, nessa ‘linha de produção’ da medula. Os principais sintomas da doença são a anemia, a queda da defesa celular por conta do comprometimento dos leucócitos e sangramentos nasais e orais devido à baixa das plaquetas. Outro sintoma comum nas leucemias é o aparecimento de adenomegalias, mais conhecidas como ínguas, caroços no pescoço que podem ser normais em outras infecções, mas no caso da leucemia, aparecem e seguem aumentando de tamanho.
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O médico do HSC destaca ainda que sintomas como cansaço, palidez cutâneo-mucosa, ataque cardíaco e falta de ar podem ser indicativos da doença, que possui diferentes tipos. Entre as mais comuns estão a leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoblástica aguda (LLA) e leucemia linfoblástica crônica (LLC). Os sintomas podem variar de acordo com o tipo e estágio.
O tratamento da doença geralmente envolve quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e, em alguns casos, terapias direcionadas. O prognóstico depende do tipo de leucemia, da idade do paciente e de outros fatores individuais. Por isso, o diagnóstico precoce e a intervenção médica adequada desempenham um papel fundamental no tratamento eficaz da leucemia.
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Tipos de leucemia
Leucemia Mieloide Aguda (LMA): caracterizada pelo rápido crescimento de células mielóides imaturas ou anormais, é mais comum em adultos, mas também pode ocorrer em crianças.
Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA): afeta as células linfóides precursoras e é mais comum em crianças, embora também possa ocorrer em adultos.
Leucemia Mieloide Crônica (LMC): apresenta um crescimento lento e gradual de células mielóides maduras. Geralmente, é diagnosticada em adultos e, ocasionalmente, em adolescentes.
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC): caracterizada pelo crescimento lento de células linfóides maduras. É mais comum em adultos mais velhos e geralmente progride lentamente ao longo do tempo.
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Leucemia Promielocítica Aguda (LPA): forma específica de leucemia mielóide aguda, é caracterizada por uma alta porcentagem de promielócitos.
Leucemia de Células Pilosas (LCP): tipo raro de leucemia linfocítica crônica que afeta as células B. As células leucêmicas têm aparência “pilosa” ao microscópio.
Leucemia de Células T do Adulto (LCTA): forma rara de leucemia de células T que afeta principalmente adultos. É associada ao vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-1).
Causas da doença
As leucemias, explica o médico do Hospital Santa Catarina de Blumenau, são doenças poligênicas, ou seja, há múltiplos genes envolvidos, e normalmente não é por um fator único que o paciente desenvolve a doença. No entanto, Fabris diz que o uso de benzeno e a exposição à radiação ionizante — como ocorreu com pessoas que habitavam as regiões do Japão atingidas pelas bombas atômicas, por exemplo — são fatores já documentados na literatura médica, assim como a presença de doenças prévias na medula óssea.
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O estilo de vida do paciente, como tabagismo e exposição a produtos químicos tóxicos, podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença, embora em menor medida. No entanto, é importante destacar que a leucemia é uma condição complexa e multifatorial, e a interação entre esses elementos ainda está sendo estudada pela comunidade científica.
Quanto à prevenção, não há medida única. O principal é manter uma rotina saudável, com a prática de atividade física regular, alimentação saudável, sono de qualidade e cuidados com a saúde mental, que também afeta a imunidade. O médico ressalta a importância de manter uma rede de apoio de amigos, familiares e comunidade.
Como é feito o tratamento
O tratamento da leucemia geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar com o objetivo de destruir ou controlar as células cancerosas e permitir a regeneração de células sanguíneas saudáveis. Nas leucemias agudas, a quimioterapia clássica ainda é a opção padrão, mas o médico hematologista destaca que, nos últimos anos, começaram a surgir bloqueadores de via e anticorpos monoclonais que auxiliam no tratamento, pois nem todos os pacientes suportam o tratamento quimioterápico. Nas leucemias crônicas, cada vez mais se utilizam medicamentos via oral, como inibidores de tirosina quinase.
— Essas medicações novas aumentaram muito a qualidade de vida e o prognóstico dos pacientes. No caso das leucemias agudas, o tratamento é iniciado prontamente após o diagnóstico. Nas crônicas, a depender do estágio da doença, é possível que o paciente fique um período em observação, pois, por ser uma doença indolente, não é necessário receber tratamento antes do aparecimento de sintomas. Isso pode parecer um contrassenso para o paciente, mas a leucemia linfóide crônica pode aguardar.
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Em alguns casos, o transplante de medula alogênico (de pessoa com composição genética semelhante, como um irmão ou irmã) pode ser considerado, substituindo as células sanguíneas afetadas por células saudáveis do doador. A radioterapia, que utiliza radiações de alta energia para destruir as células cancerosas, também pode ser uma opção, especialmente em leucemias que afetam principalmente a medula óssea.
A escolha do tratamento depende do tipo de leucemia, do estágio da doença, da idade e saúde geral do paciente. O tratamento é frequentemente realizado em fases, com períodos de indução para eliminar as células leucêmicas seguidos por fases de consolidação e manutenção para prevenir recidivas. É essencial desenvolver uma abordagem personalizada e com acompanhamento regular para avaliar a resposta ao tratamento e ajustar a estratégia conforme necessário.
O suporte multidisciplinar, incluindo cuidados paliativos, também desempenha um papel importante na gestão dos efeitos colaterais do tratamento, melhorando a qualidade de vida do paciente durante o processo de recuperação.
— O tratamento não é simples, o paciente passa por dificuldades, mas com uma equipe multidisciplinar formada por médicos, psicólogos, farmacêuticos, fisioterapeutas, enfermeiros, todos envolvidos no cuidado com o paciente — conclui Fabris.
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O Hospital Santa Catarina de Blumenau é referência no Estado e conta com uma equipe de especialistas em diversas áreas da Medicina. Fundado em 1920 pela Comunidade Luterana do município, o hospital possui hoje 152 leitos de internação em uma área de mais de 21 mil metros quadrados. O HSC Blumenau possui infraestrutura de CTI Adulto, UTI Neonatal e Pediátrica, clínica de saúde mental, salas cirúrgicas e uma equipe com mais de mil colaboradores.