A quantidade de lesões por água-viva no litoral de Santa Catarina neste verão cresceu 244%. Os bombeiros já somam 11.897 atendimentos de acidentes com caravelas e medusas desde o início do monitoramento nas praias na alta temporada. No mesmo período do verão passado, os casos não chegavam a 3,5 mil. Apesar de ser chamado de queimadura, o machucado causado pelas águas-vivas é um envenenamento acidental e demanda alguns cuidados especiais.
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O aumento de lesões está relacionado com o aparecimento de mais águas-vivas na costa catarinense durante os períodos mais quentes do ano e também a ida de mais banhistas ao mar, de acordo com o tenente-coronel Henrique Piovezam da Silveira do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC).
O crescimento de casos foi destaque na quinta edição do boletim da Operação Veraneio, que iniciou no dia 17 de dezembro de 2022. Na temporada passada, foram 3.458 casos no mesmo período.
De acordo com os bombeiros, a maioria dos acidentes neste verão aconteceu nas praias do Sul do Estado. Balneário Rincão, Morro dos Conventos, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota e Passo de Torres estão entre os locais com mais ocorrências. No entanto, os animais podem aparecer em todo o litoral catarinense, segundo o professor da UFSC e biólogo Alberto Lindner.
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Embora a diferença em relação ao verão anterior seja grande, o pesquisador afirma que não há uma quantidade muito maior de águas-vivas no litoral catarinense em comparação com ano passado. O biólogo avalia que o número de animais está, até o momento, semelhante ao mesmo período anterior, se não o Estado teria ainda mais ocorrências. Ele cita que, no verão de 2019/2020, foram mais de 40 mil atendimentos de acidentes porque a quantidade de águas-vivas na costa disparou naquele período.
Tipos de água-viva e comportamento
No caso das medusas, que possuem formato de guarda-chuva, grande parte das espécies são de águas costeiras. O professor afirma que os pesquisadores acreditam que a frequência maior delas no verão está relacionada ao ciclo reprodutivo delas. O biólogo garante que nem todas as medusas estão relacionadas aos acidentes com lesões.
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Já a caravela portuguesa, espécie roxa que boia e causa queimaduras mais graves, é de água quente, tropical e oceânica, que geralmente fica longe da costa. Lindner explica que, no verão, os ventos trazem esses animais junto com as massas de água mais para a região sul do Brasil. Por isso, é normal encontrar caravelas do fim da primavera até o fim do verão.
— Elas não atacam, nem as caravelas que ficam boiando e nem as medusas. Às vezes, elas são carregadas passivamente pelos ventos e correntes de água. Elas têm baixo poder de locomoção, então não atacam. Elas esperam que alguma presa toque por acaso nos tentáculos e aí, com as toxinas, elas paralisam a presa para se alimentar — explica o professor.
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O risco que elas apresentam aos humanos é o envenenamento ao tocar acidentalmente nesses animais. O quadro clínico pode variar. Acidentes menos graves vão causar vermelhidão no local, um pequeno inchaço e dor na hora. Em casos mais preocupantes, muitas vezes associados à caravela portuguesa, podem ocorrer efeitos sistêmicos como náusea e tontura.
O que fazer em caso de queimadura de água-viva
- Saia da água imediatamente, porque o envenenamento pode causar câimbras e há risco de afogamento;
- Lave o machucado com água do mar para retirar restos de tentáculos aderidos;
- Lave com vinagre por alguns minutos para desativar o veneno e prevenir novas inoculações na pele;
- Amenize a dor com água do mar gelada ou gelo artificial envolto por panos. Essas compressas frias têm efeito analgésico para vários tipos de envenenamentos com caravelas ou águas-vivas.
O que não fazer para evitar piora do machucado
- Nunca urine, nem use substâncias como álcool ou refrigerante sobre a lesão, pois não há comprovação de eficácia dessas substâncias em amenizar os efeitos da lesão;
- Nunca lave com água doce, uma vez que a medida pode aumentar o envenenamento e agravar a lesão;
- Evite usar toalhas, areia ou outro material abrasivo para retirar restos de tentáculos, pois isto também pode aumentar a injeção de toxinas por explodir as cápsulas com veneno.
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