Com o advento da mídia eletrônica, a maioria de nossos alunos prefere

pesquisas na internet e filmes à leitura. Isso ocorre em todas as disciplinas, não apenas

Continua depois da publicidade

na Língua Portuguesa e Literatura, historicamente as que exigem leitura e produção

textual.

Deste fato podemos perceber, como afirma a Prof. Elise Bastos Silva, o

Continua depois da publicidade

surgimento do internetês, nova língua dos adolescentes. É do conhecimento dos

profissionais de Língua Portuguesa a evolução natural do idioma, onde novos termos

surgem e antigos adquirem novos significados. Um exemplo é a palavra medíocre que,

de acordo com o dicionário Aurélio, significa “que não é bom nem mau, sem relevo,

vulgar”. Perguntando aos adolescentes qual o significado desta palavra, as respostas

podem diferir, mas o sentido sempre será “abaixo da média”.

Ora, o que não é bom nem mau, é médio, portanto aceitável. Mas o medíocre

é pouco para os padrões da garotada.

O questionamento, direcionado aos os educadores, gira em torno do ponto

que a autora propõe: se ler traz conhecimentos, então, não se deve ler de tudo, inclusive

internetês?

É importante que os estudantes tomem contato com todo tipo de obra, dos

clássicos às bulas de remédio: afinal, interpretar corretamente uma bula pode salvar

vidas. Então, qual a razão de discriminar a produção “errada” dos alunos? Há, inclusive,

os que não aceitam o erro, como Marcos Bagno que, na obra Preconceito Lingüístico,

afirma que o que existe é uma maneira diferente de transmitir a mesma idéia.

Se a função da língua é comunicar, não importa a forma como se realiza,

haja vista as várias linguagens: verbal, não-verbal, entre tantas outras. Se a função do

educador é mediar, nosso ofício encerra o papel de mostrar o que é certo e errado,

diferenciar o padrão culto da linguagem coloquial.

O internetês de hoje pode vir a ser padrão no futuro. Se confrontarmos as

produções atuais com as do início do século passado, muitos de nós terão dificuldades

de entender a linguagem utilizada naquela época, nem tão remota assim. O que

precisamos é ressignificar a produção de nossos alunos para que esteja além do

medíocre.

Infelizmente, nós educadores ainda não aproveitamos as mídias como

aliadas, como ferramentas possíveis de facilitar nosso cotidiano em sala de aula.

Podemos partir do que os alunos já sabem para a novidade e, então, até mesmo a

aprendizagem da gramática deixará de ser dramática.

Elita de Medeiros

Assistente Técnico-pedagógica na E.E.B. Nossa Senhora de Fátima – Rio Fortuna – SC

Assistente acadêmica na UNISUL – campus Tubarão – SC