Leopoldo López, que neste sábado (8) foi colocado em prisão domiciliar após três anos de prisão, é líder da ala radical da oposição venezuelana e uma pedra no sapato do chavismo, o qual combate quase desde sua origem.

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López, de 46 anos, economista com mestrado em Harvard, foi condenado a 13 anos, nove meses e sete dias de prisão por incentivar a violência nos protestos contra o governo de Nicolás Maduro, que deixaram 43 mortos e cerca de 3.000 feridos entre fevereiro e maio de 2014.

O líder, que fez carreira como adversário do presidente Hugo Chávez (1999-2013), voltou para a sua casa em Caracas com sua esposa Lilian Tintori e seus dois filhos, depois que o Tribunal Supremo de justiça (TSJ) ordenou sua prisão domiciliar por razões de saúde.

A medida em favor de um dos mais emblemáticos opositores encarcerado na Venezuela – mais de 400 segundo a ONG Foro Penal – acontece em meio a uma nova onda de manifestações exigindo a saída de Nicolás Maduro, e que já deixaram 91 mortos.

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Desde sua prisão, falsas notícias de sua morte, denúncias de tortura e reuniões com autoridades do governo agitaram o cenário político.

Como prefeito do município de Chacao (2000-2008) – um dos mais ricos de Caracas – projetou uma figura de dinamismo e eficácia e as pesquisas lhe colocavam em boa posição para ser candidato presidencial, mas foi inabilitado politicamente em duas ocasiões.

Em 2014, com sua estratégia “A Saída”, que buscava a renúncia de Maduro pela pressão de manifestações de rua que terminaram em atos violentos, alcançou notoriedade internacional.

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Em 18 de fevereiro de 2014, acompanhado por uma multidão e em meio a um grande destaque midiático que impulsionou ainda mais sua imagem, López se entregou às autoridades na praça José Martí de Caracas, após a justiça lhe decretar uma ordem de prisão.

Deu este passo não sem antes apelar ao seu estilo provocador. “Não tens coragem para manter-me preso, ou esperas ordens de Havana?”, havia escrito no dia anterior em seu Twitter dirigindo-se a Maduro.

“Sou inocente”

Fiel a esse temperamento, durante a audiência em que foi condenado, lançou um desafio à juíza que o declarou culpado, segundo afirmaram partidários presentes na sala.

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“Se a sentença for condenatória, terás mais medo de lê-la que eu de escutá-la, porque sabes que sou inocente”, haveria dito López à juíza, segundo escreveu no Twitter David Smolansky, prefeito da localidade capitalina de El Hatillo, que estava no tribunal.

Com um jogo de palavras que denota a agressividade que pode alcançar o discurso político na Venezuela, Maduro e outros altos funcionários classificam López como “o mostro de Ramo Verde”.

A greve de fome e os protestos do ano anterior trouxeram à tona profundas diferenças entre López e outros setores da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), especialmente o que representa Henrique Capriles, derrotado por uma pequena margem por Maduro nas eleições presidenciais de 2013.

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Capriles se distanciou das manifestações defendendo saídas eleitorais e pediu a López para interromper a greve de fome que estava fazendo.

Ambos são as figuras mais expoentes de uma oposição mais unida no campo eleitoral do que no político.

López é “um ator político com a emoção que os outros não têm”, afirmou à AFP a filósofa política Colette Capriles, para quem aquela greve de fome foi uma estratégia do líder opositor para diferenciar-se de Capriles e de outros líderes da oposição.

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“Capriles aposta na construção de uma liderança que atraia os chavistas, para que não se sintam assustados. A estratégia de Capriles é muito mais bem sucedida a longo prazo”, completou.

* AFP