Seis meses depois da decisão de acabar com a Delegacia de Trânsito em Joinville para garantir a criação da Delegacia de Homicídios e aumentar o efetivo da Polícia Civil com a missão de investigar assassinatos, cujos números bateram recorde em 2015 e mobilizaram autoridades políticas e empresariais, chegou a hora de diagnosticar – e tratar – o efeito colateral do remédio receitado.
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Na próxima semana, o delegado geral da Polícia Civil, Artur Nitz, deve conversar com o delegado regional Laurito Akira Sato e ouvir as reivindicações de autoridades de Joinville. O encontro estava marcado para a quarta-feira, feriado de 7 de Setembro, mas a agenda oficial ainda não foi confirmada. Nitz não quis falar com a reportagem do “AN” sobre o assunto antes da reunião.
O primeiro sinal de alerta para o problema foi dado pelo juiz Décio Menna Barreto Filho, do Juizado Especial Criminal e Delitos de Trânsito. No mês passado, ele enviou um documento à Secretaria de Segurança Pública explicando um efeito prático do fim da delegacia: menos inquéritos estão chegando à Justiça, ou porque os acidentes de trânsito estão entrando numa fila de outros delitos nas delegacias dos bairros ou não há pessoal suficiente para dar prosseguimento às investigações – o que era previsto desde o começo do ano. Há a percepção do magistrado de que só um décimo dos acidentes estão chegando ao Judiciário em forma de inquéritos.
A Delegacia de Trânsito, que funcionava no bairro Floresta, foi extinta para dar lugar à delegacia de Homicídios, uma das reivindicações dos joinvilenses como resposta à escalada de violência na cidade. Assim, inquéritos, apreensões, acidentes graves (com vítimas) e todo tipo de irregularidade que exija a atuação da Polícia Civil está a cargo das delegacias dos bairros. A proximidade do fato com a sede da delegacia é o que define para onde vai a investigação.
O juiz Décio Menna Barreto também determinou que a Polícia Civil devolva duas viaturas novas que deveriam estar sendo usadas pela Delegacia de Trânsito. As viaturas foram doadas por ordem de Menna Barreto ao órgão no fim do ano passado.
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– Estou pedindo a devolução para que essas viaturas possam ser repassadas, provisoriamente, para outros órgãos ou entidades ligadas ao trânsito na cidade, até que seja reativada a Delegacia de Trânsito – disse Menna Barreto.
O magistrado tem o apoio do promotor Marcus Vinícius Ribeiro de Camillo, da 18ª Promotoria de Justiça. Camillo também se manifestou publicamente pedindo a reativação da delegacia. O assunto também faz parte de uma série de reivindicações que o governador Raimundo Colombo deve ouvir de lideranças empresariais da cidade, num encontro que está sendo pedido há pelo menos dois meses.
O delegado Akira tem dito que a organização feita no começo do ano foi uma decisão tomada com base nas reivindicações de Joinville e que, neste momento, não é possível reativar a delegacia.