Os eleitores de Santa Catarina precisaram de uma dose maior de paciência neste domingo (15) na espera pelo resultado das eleições 2020. A lentidão no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez a apuração dos votos atrasar no Brasil inteiro, gerando uma fila de informações represadas no sistema central mesmo após a conclusão da leitura das urnas nas cidades. Em comparação com as eleições de 2016, os resultados no Estado chegaram a demorar mais de três horas em vários municípios.

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Em Blumenau, por exemplo, o resultado final da votação foi conhecido pouco depois das 23h deste domingo, enquanto em 2016 o total dos votos já havia sido apurado e divulgado às 20h. Em nível nacional várias capitais também tiveram o resultado somente perto das 23h30min, como foi o caso de São Paulo.

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— A eleição foi um sucesso, mas os resultados demoraram um pouco mais. Mas não foi por conta do TRE. Todos os dados foram transmitidos em tempo ao TSE, e houve um congestionamento lá — afirmou o presidente do TRE-SC, desembargador Jaime Ramos.

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O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou em coletiva nacional que apenas nesta segunda-feira (16) poderá dar uma explicação técnica para o atraso na totalização dos votos das eleições municipais. No entanto, o ministro adiantou que houve uma falha em um dos núcleos no super computador que processa a totalização dos votos:

— Houve um atraso na totalização dos resultados por força de um problema técnico que foi o seguinte: um dos núcleos de processadores do super computador que processa a totalização falhou e foi preciso repará-lo.

Barroso disse também que os problemas não afetam o resultado da votação, e que “não há nenhum risco de o resultado não expressar o que foi votado”.

É a primeira eleição municipal em que os dados saem direto das seções eleitorais para serem totalizados no TSE. Isso pode ter contribuído para a demora da apuração, segundo o tribunal. Antes, os dados eram totalizados pelo TRE de cada Estado que ficava responsável pela apuração. Com a mudança de modelo, todas as informações do país foram enviadas ao TSE, onde ocorreu o congestionamento e, consequentemente, a lentidão na divulgação.

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Prefeitos comemoraram antes da divulgação final

Com a lentidão das divulgações oficiais nos sistemas do TSE, em muitas cidades os cartórios eleitorais abriram os dados enviados à central e divulgaram o resultado previamente. Com isso, em vários municípios candidatos a prefeito começaram a festa da vitória mesmo com a apuração oficial mostrando menos da metade das urnas apuradas.

Foi o caso de Chapecó, por exemplo, onde o prefeito eleito João Rodrigues anunciou uma carreata pela cidade horas antes da confirmação do TSE. Em Biguaçu, na Grande Florianópolis, o prefeito eleito Salmir da Silva chegou a divulgar um vídeo de agradecimento quando os dados oficiais ainda apresentavam cerca de 30% das urnas apuradas.

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O diretor-geral do TRE-SC, Daniel Sell, afirmou que o tribunal abriu os dados internos “para mostrar a transparência do processo eleitoral”, o que possibilitou a divulgação de alguns resultados antes mesmo da atualização final do TSE.

Aplicativo e-título com problemas e ataque de hackers

Além da lentidão na apuração, o e-título, aplicativo que substitui o título de eleitor, localiza as seções e permite justificar a ausência, apresentou instabilidade durante o domingo, e eleitores não conseguiram acesso.

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O tribunal também sofreu uma tentativa de ataque em sua rede que, segundo o presidente do TSE, foi totalmente neutralizada, com a ajuda de empresas de telefonia. Segundo o tribunal, esse episódio não tem relação com a atraso na divulgação dos resultados.Barroso disse que os ataques partiram do Brasil e de outros dois países, mas foram “totalmente inócuo”.

— O ataque de hoje foi totalmente inócuo. Sofrer ataques não é privilégio do site do TSE, isso vale para o Supremo [Tribunal Federal], Pentágono, Nasa. Ele veio de sucessivas tentativas do Brasil, Estados Unidos e Nova Zelândia. Foi um ataque distribuído. O fato de receber ataques não coloque em xeque coisa alguma — afirmou.

A diretora-adjunta da Rede Internacional de Checadores de Fato, Cristina Tardáguila, que contribuiu como observadora do sistema de checagem do TSE, mostrou preocupação com a falha do aplicativo do TSE na luta contra a desinformação.

— O fato de o app não ter performado de forma adequada possivelmente alimentará as teorias da conspiração que pregam a insegurança do processo eleitoral como um todo. É fundamental que o e-título esteja redondo no segundo turno — disse.

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*Com informações da Folhapress