A pesquisa “A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde”, publicada pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), divulgou dados sobre o crescimento do número de leitos de UTI no Brasil. Em Santa Catarina, o salto entre 2014 e 2024 representou um avanço de 79,12% no número de leitos, mas ainda há desafios a serem enfrentados.

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O levantamento monitorou o número de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Suplementar de Saúde (SSS), ou seja, de instituições privadas, ao longo dos anos. No início da pesquisa, em 2014, Santa Catarina tinha 667 leitos de UTI do SUS e 521 leitos do SSS.

Já em 2024, dez anos depois, são 1.380 leitos de UTI do SUS e 748 leitos de UTI do SSS para atender a uma população de 7,6 milhões de pessoas. Com isso, a densidade de leitos a cada 100 mil habitantes resulta em de 27,96.

Crescimento de leitos de UTI em SC entre 2014 e 2024

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Isso significa que a cada 100 mil pessoas que vivem em SC há 27 leitos de UTI disponíveis para uso em caso de uma emergência, seja por acidentes, doenças graves ou outras intercorrências que levem a uma internação em Unidade de Terapia Intensiva.

O número é o mais baixo entre os três estados do Sul do país. O Paraná tem 34,96 leitos a cada 100 mil habitantes e o Rio Grande do Sul, 32,02 leitos pelo mesmo recorte de população. Com isso, a média da região Sul é de 32,11 leitos a cada 100 mil habitantes.

O número catarinense fica abaixo, inclusive, do indicador nacional, que é de 36,03 leitos por 100 mil habitantes, e se assemelha ao da região Norte, de 27,52.

Densidade de leitos de UTI a cada 100 mil habitantes por UF

O levantamento aponta que a região Sul possui como particularidade o crescimento anual total do número de leitos de UTI menos acentuado, sendo quase estável até 2021. Esse indicador sugere uma demanda mais equilibrada e possivelmente uma estrutura de saúde consolidada, em comparação com outras regiões do país. Assim, há uma necessidade menor de expansão em comparação com outras regiões que registram crescimento acelerado.

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Em toda a região Sul, há 9.612 leitos, sendo 6.036 SUS e 3.576 SSS. Na série histórica, a região somou entre 6 mil e 7 mil leitos entre os anos 2014 e 2021, registrando um salto para a casa dos 9 mil leitos a partir de 2021.

Da mesma forma, o número de leitos de UTI em Santa Catarina manteve certa estabilidade entre os anos de 2014 e 2021, crescendo de 1.118 para 1.427 entre esses anos, e depois dando um salto de crescimento, atingindo o patamar de 2.128.

O estudo mostra ainda que a população atendida pelo SUS representa 5.928.279 pessoas, enquanto a atendida pelo SSS é de 1.681.322 pessoas. Assim, a densidade de leitos SUS/População SUS é de 23,28 a cada 100 mil habitantes, enquanto a razão leitos SSS/População SSS é de 44,49 por 100 mil habitantes.

Em Santa Catarina, atualmente são

  • 1.265 UTIs adulto (823 SUS e 443 SSS);
  • 19 UCIs adulto (todas do SSS);
  • 235 UTIs pediátricas (143 SUS e 92 SSS);
  • 10 UCIs pediátricas (1 SUS e 9 SSS);
  • 384 UTIs neonatal (260 SUS e 124 SSS);
  • 184 UCIs neonatal (125 SUS e 59 SSS);
  • 8 UTIs queimados (todas do SUS);
  • 23 UTIs coronarianas (20 do SUS e 3 do SSS);

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*UCI representa Unidade de Cuidados Intensivos

SES destaca expansão do número de leitos

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Santa Catarina se pronunciou sobre o estudo por meio de nota, destacando que o Estado foi o que mais incorporou leitos de UTI SUS no país de janeiro de 2023 para cá. Segundo dados da secretaria, atualmente são 1.411 leitos de UTI ativos no estado para atendimento pelo SUS, com habilitação estadual e federal.

Foram 104 leitos abertos em 2024 e 150 em 2023, de acordo com a pasta, distribuídos em neonatais (61), pediátricos (73) e adultos (100), abrangendo todas as macrorregiões.

“A SES prossegue abrindo leitos de UTI na maior expansão de leitos SUS da história. Para os próximos meses, está prevista a abertura de 40 novos leitos de UTI, sendo: 10 leitos de UTI neonatal no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí; 10 leitos de UTI adulto no Hospital Santo Antônio, em Itapema; 10 leitos no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó; e 10 leitos de UTI adulto na Fundação Hospitalar de Rio Negrinho. Além disso, em conjunto com os municípios e hospitais, [a secretaria] segue debatendo e pactuando o planejamento para ampliações, em especial, na região Oeste, Foz do Rio Itajaí e Grande Florianópolis”, afirma a nota.

A secretaria ainda afirma que as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde mencionam a relação ideal de leitos de UTI de 1 a 3 leitos para cada 10 mil habitantes, parâmetro de avaliação que não é seguido no estudo.

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“Ademais, o estudo não analisa a distribuição de leitos de UTI por região de saúde, prejudicando a análise adequada. Também não entra no detalhamento da distribuição de leitos neonatais e possui avaliação superficial da saúde suplementar em relação ao detalhamento de leitos e distribuição dos mesmos nos territórios da UF. Todos os estudos são importantes para análises do cenário existente, porém ponderamos que dependendo do denominador utilizado e a contextualização da informação, os resultados podem não refletir adequadamente a realidade do território e da assistência à saúde”, completa a nota.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), informações sobre a ocupação de leitos existentes podem ser consultadas no site https://cieges.saude.sc.gov.br/.

Número de intensivistas

O levantamento traz também dados do número de intensivistas no Estado, da distribuição deles entre capital e interior e proporção pelo número de habitantes. Segundo o estudo, são 431 médicos intensivistas em Santa Catarina, profissionais capacitados para a medicina intensiva, em especial a atuação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Assim, a densidade de profissionais a cada 100 mil habitantes é de 5,66, ficando abaixo da média da região Sul, de 6,84 médicos a cada 100 mil habitantes, porém acima da média nacional, que é de 5,51 médicos por 100 mil habitantes.

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A maior parte dos profissionais da área é do sexo masculino, sendo 269 intensivistas homens, de idade entre 35 e 39 anos. Na sequência aparecem profissionais de 40 a 44 anos e depois médicos de 45 a 49 anos.

Analisando a proporção de intensivistas na capital e no interior, Florianópolis concentra 147 intensivistas, enquanto o restante do Estado conta com 284 profissionais que atuam nessa especialidade. Assim, a densidade de intensivistas a cada 100 mil habitantes na capital é de 27,36 médicos, enquanto nas demais regiões é de 4,02 médicos, pela mesma proporção de habitantes.

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