O sonho de minha mãe era ser professora. Filha de imigrantes italianos, dividia-se entre o trabalho na padaria da família e o estudo. Com dificuldade, conquistou o diploma e lecionou por 30 anos. A professora Regina assistiu seus alunos se tornarem profissionais reconhecidos no país. Quando a viam abraçavam-na. Isso lhe bastava, não lhe importando o fato de que, se viva fosse hoje, aos 95 anos, contaria com uma aposentadoria irrisória para sobreviver. Dos seus seis filhos, quatro seguiram seus passos, contagiados pela sua satisfação. Eu me entreguei à causa da educação por 22 anos. Hoje é impossível me alimentar de sonhos e abraços. De pouco ou nada valeu gastar voz e sapatos na luta pela valorização. Busco outro emprego, mas prometo não sair de cena. Continuo a seguir com meus ex-colegas na busca de perspectivas para essa profissão tão nobre e tão pobre em reconhecimento.
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