“Após as manifestações de junho do ano passado, a presidente Dilma declarou: “cabe a todos nós, servidores, responder a essas vozes”. Com todo respeito, gostaria de perguntar: nós, quem, cara-pálida? Vossa Excelência é a chefe e deveria dar o exemplo investindo mais na qualidade do serviços públicos. Quando menina, escutava que existiam servidores públicos em excesso. Entretanto, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o total de servidores no Brasil representa 15% do total de empregos, enquanto na maioria dos países é de 22% e somente o Japão tem um número menor, de 10%.
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Diariamente lemos no jornal que faltam fiscais nas praias, anestesistas nos hospitais públicos, policiais nas ruas e basta entrar em uma repartição para ver em cima das mesas montanhas de papeis que demorarão meses para serem despachados. Sei que vocês vão dizer: se a turma do cafezinho e do atestado médico trabalhasse… Também escutava que funcionário público não gosta de trabalhar.
Mais tarde, tendo eu mesma me tornado uma servidora pública verifiquei que, assim como existe a turma que faz “corpo mole”, há também muitos que “vestem a camisa”, apesar das dificuldades. Na sala onde atendia os pacientes não tinha ar-condicionado, mas um ventilador que precisei levar de casa. Some-se a isto tudo a falta de gestão de recursos humanos, a falta de qualificação da mão de obra e os chamados cargos de confiança, que nada mais são do que cabides de emprego.
O processo de desenvolvimento e modernização do país exige que o governo invista em melhores condições dos serviços públicos. E caso queira responder às vozes das ruas o governo precisará investir mais em saúde, educação, segurança etc. Uma sociedade verdadeiramente democrática é aquela em que todos têm acesso a bens de serviços de qualidade.“
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