Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, no último dia do 7º Congresso Brasileiro de Jornais, em São Paulo (SP), apontou a credibilidade como o principal alicerce da imprensa escrita no Brasil.
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Depois de dois dias de debates, ficou claro para os mais de 700 participantes que a confiança depositada pelo público deve ser uma das estratégias dos jornais para se adaptar aos novos tempos, enfrentar o desafio de fidelizar leitores conquistados nos últimos anos e continuar relevantes no futuro.
Entrevistados na pesquisa
Segundo a pesquisas qualitativa O Poder do Meio Jornal, realizado pelo Instituto Ipsos Marplan, o leitor enxerga seu jornal como um bem indispensável.
Foram ouvidos homens e mulheres em grupos de 18 a 24 anos e de 25 a 30 anos. Também foram ouvidos formadores de opinião, que lêem até três jornais por dia.
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Para os pesquisados, o que mais agrada no jornal é que ele é matutino, palpável, tradicional, detalhado e abrangente. São essas características que conferem ao meio o grande pilar que é a credibilidade.
O termo “âncora do mundo”, citado por um formador de opinião, foi escolhido pelos realizadores da pesquisa como síntese do que pensam os brasileiros.
Para Earl Wilkinson, presidente da International Newsmedia Marketing Association (INMA), os jornais brasileiros não devem perder tempo. Devem aproveitar vantagens competitivas como a credibilidade e a tradição para investir pesado nos próximos cinco anos.
O conselho dele aos brasileiros é evitar o que ele chamou de “furacão digital” que atingiu o mercado americano, com demissões em massa de jornalistas e redução do valor das empresas. Segundo ele, as companhias jornalísticas brasileiras terão de fazer a transição para o que ele chamou de mundo multimídia, a plataforma que irá agregar o impresso, a internet e o celular.
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– Se os jornais brasileiros querem estar no mercado em 2020, devem mudar nos próximos cinco anos, do contrário pode ser tarde demais – disse Wilkinson, durante sua palestra sobre Tendências para os Jornais no Brasil e no Mundo hoje e em 2020.
Uma das principais conclusões da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), que promoveu o congresso, é de que, no Brasil, há possibilidade de vencer essa crise, que os jornais enfrentaram nos países de economia mais sólida, causada principalmente pelo crescimento da mídia digital.
Convergência das mídias
Não há fórmula pronta, mas a ANJ já decidiu apostar na convergência das mídias e nos projetos de educação, apesar do “céu de brigadeiro” que o setor vive hoje no país, segundo a nova presidente da ANJ, Judith Brito, do Grupo Folha.
– Não são mídias antagônicas. Somos produtores de conteúdo, de informação. O jornal é o veículo próprio do formador de opinião. Não há porque não continuar no meio papel e não transplantar isso também para a mídia eletrônica. Temos que fidelizar o leitor e ampliá-lo. Um desafio é a gente aproveitar as levas de pessoas que estão sendo incluídas na classe média brasileira, que são novos leitores – disse Judith.
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De acordo com a presidente da entidade, que substituiu no cargo o diretor-presidente do Grupo RBS, Nelson Sirotsky, diferentemente de vários outros países, o Brasil tem um número crescente de leitores, embora não faltem alertas de que a situação econômica poderá se reverter.
– Esses novos leitores vêm dessa inclusão social. Precisamos fidelizá-los. Por isso, devemos pensar em médio e longo prazo. O nosso programa “Jornal e Educação”, por exemplo, é muito importante. Ele é focado em levar o jornal para as crianças, é colocado dentro da didática da escola, das disciplinas – afirmou.