“Fala-se muito da existência do crime organizado e de suas mirabolantes façanhas no confronto com o Estado-poder. Mas se alguém nos perguntar se acreditamos nas facções do crime organizado, responderemos que não. Acreditamos sim, mas é no Estado incompetente e desorganizado não querendo combater o crime. Analisemos. Quem representa ou faz parte das organizações criminosas perseguidas pelo Estado -poder? São na sua maioria esmagadora pessoas entre analfabetos e semialfabetizados de origem pobre e que vivem nas periferias em quase guetos. Não precisa dizer que são pessoas oriundas da exclusão social. Logo, são pessoas de difícil mobilidade e comunicação. Até porque a maioria está nas prisões.
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Agora vejamos quem representa o Estado-poder, que deveria combater o “dito”crime organizado: as duas polícias (Civil e Militar), selecionados entre técnicos na sua maioria com curso médio e superior. Todos livres, ostensivamente bem armados, tendo à disposição um arsenal bélico para as operações e com fácil mobilidade (automóveis, viaturas, helicópteros etc) para combater o crime. Mais as guarnições especiais e de inteligências, aparatos de investigação e órgãos auxiliares, aliados ao tecnicismo do Ministério Público e o apoio nacional, inclusive das Forças Armadas. E claro, um polpudo orçamento ao dispor das secretarias de seguranças públicas.
Ora, há um grande paradoxo entre uma força e outra. Ainda, como organizar e liderar o crime dentro das prisões se é proibida a entrada de celulares e se estes, aqui fora são ruins de comunicação. Lá não? A disparidade de forças é muito grande. Se acreditarmos que existe o crime organizado, é subestimarmos o Estado e força, capacidade econômica, intelectual e bélica.“