“Aprendi a nadar aos cinco anos de idade para reverter uma bronquite seguindo recomendações médicas. Tive a felicidade de ser amigo de vizinhos com piscina em casa. Muito mais tarde, na carreira militar, usei da natação como capacidade indispensável para ter sucesso em operações na alagada selva amazônica. Ainda é elevada a proporção de jovens que não sabem nadar. Nos anos em que fui responsável pelo processo seletivo para o serviço militar nesta capital, registrei média de 40% de NN (não nadadores) entre os conscritos alistados.

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Nos quartéis do interior esses índices melhoram, pois lá as pessoas frequentam clubes, represas e lagoas; aqui, na orla, impera a recreação e muitos jovens não conseguem fazer ida e volta numa piscina de 25 metros, pois não é para nadar no mar que vão à praia. Tive soldados filhos de famílias de pescadores e até mesmo surfistas, mas que não sabiam nadar! A quantidade de mortes por afogamento justifica cogitar se o assunto “natação” não poderia ser incluído na matéria Educação Física. Claro que a maior parte das escolas não possui espaço para receber uma piscina, e teriam que ser efetuados convênios. É possível se houver vontade política.

A iniciativa favoreceria uma atividade econômica: as escolinhas de natação nos bairros próximos à escola ou à casa do aluno, além dos professores de Educação Física que nelas atuariam. A educação tem outras urgências e estou informado a respeito, a começar por um salário digno aos professores. Mas, vejam: se um aluno começar a praticar natação aos 10 anos na 5ª série, ao concluir o 3o ano do Ensino Médio poderá não engrossar essa estatística de mortes. Hoje, ele passa boa parte da Educação Física jogando bola e retorna suado para a aula seguinte.