Os últimos episódios no Congresso destruíram a esperança do povo brasileiro na moralização da coisa pública e na debelação da corrupção. Os políticos parecem insensíveis ao fato de o país ser tolhido pela corrupção endêmica, também causa do descrédito na democracia. O eleitor assiste impotente à violação da lei. A presidente Dilma prometeu liberar R$ 444 milhões para congressistas abastecerem os quintais eleitorais para que a Lei de Responsabilidade Fiscal fosse arremessada na lata de lixo. Acusam de direitistas os que se opuseram a essa violação constitucional. Isto bem nos faz recordar o regime militar de 64, quando o Congresso Nacional, tolhido pelo autoritarismo do Executivo fazia as vontades do presidente, e acusavam de comunistas todos os que naquele tempo se opunham as exceções. Temos aí uma amarga e irônica simetria histórica. Desta vez, a metáfora das “cenouras penduradas nos focinhos dos jumentos” é cabível aos parlamentares que negociaram seu voto. Entretanto, ela é injusta, à medida que eles estão muito longe da inocência dos jumentos e que as milionárias cenouras são pagas com o dinheiro do povo.

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