A proposta de inserir cotas raciais é uma manobra perigosa. Por que um governante quereria incitar tal discriminação na sociedade? Por que reascender, em lei, a ideia ultrapassada de que somos diferentes? Imagine todos às ruas, os afrodescendentes apoiando o projeto de lei e os demais – discriminados – obviamente contra. Como isso poderia acabar bem?

Continua depois da publicidade

O governo, cumprindo seu papel essencial de garantir educação de qualidade, produziria a tão desejada igualdade de oportunidade a todos os brasileiros. Já que a inserção das pessoas no serviço público se dá pelo mérito próprio, independente de raça, todos seriam capazes de competir pelas vagas que desejam. Os mais dedicados e capazes obteriam êxito em se tornar servidores públicos. Por que encarar o problema pelo prisma racial? Todos os cidadãos, independente da cor da pele, deveriam ter condições de acompanhar as ações de seus representantes eleitos e serem capazes de reagir quando não se sentissem representados: isso é democracia.

O Estado deveria focar na educação dos cidadãos, capacitá-los para que pudessem exercer sua cidadania, e não separá-los por raça e promover incentivos discriminatórios. Chama a atenção o projeto tramitar em regime de urgência. Meu palpite é que a motivação é puramente eleitoral. Trata-se de uma questão matemática: mais da metade da população do país se diz negra e parda. Um favorecimento a essa parcela garantiria a persistência no mandato nas próximas eleições.

Na estratégia do governo, melhor que manter tal assunto em descanso, é apartar a maioria dos eleitores com mais vantagens perante os demais, e obter o apoio dessa maioria. Não deveríamos fazer da bela miscigenação um instrumento de manipulação política.”

Continua depois da publicidade