“O Nepal é um lugar especial para mim. Lá eles conseguem manter aquelas gerações lá. Passei quatro dias bem no período em que os militares tomaram o poder. Foi implantado o estado de sítio, com toque de recolher. Você não podia sair durante algumas horas do dia. Tive de ficar preso no hotel da capital Katmandu.”
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“Comecei a viagem sem saber trocar um pneu da bicicleta. Pedalei 2,5 mil quilômetros rezando para que não furassem. Quando aconteceu pela primeira vez, foi na Indonésia. Como estava na cidade, levei num lugar de reparo. Da outra vez, estava perto de uma oficina. Também não troquei. Na terceira vez, estava num lugar mais distante, mas tinha tanta gente perto que me ajudaram, porque eles andam muito de moto. Mas depois fui obrigado a aprender a trocar sozinho.”
“As pessoas identificam o Brasil pelo futebol, samba, o escritor Paulo Coelho, mas o que me chamou a atenção foi muita gente comentando sobre a bossa nova, que para muitos brasileiros é algo que está meio apagado. Mas tem muito valor lá fora.”
“Quando eu digo que sou brasileiro, muitos estranham por causa da minha característica física. Na Hungria, achavam que eu era um europeu que havia roubado um passaporte brasileiro. Ai começaram a fazer perguntas sobre o Brasil.”
“Eu percebi que o mundo está muito ligado à religião. No Egito, por exemplo, as pessoas ficam lendo o Alcorão em sussurros. Fica um zum-zum na multidão. Senti nisso uma falta de comunicação. Acho que essa revolta que teve contra o governo não vai trazer mais liberdade. Pode haver mudanças, mas a religião vai continuar dominando. Eu acho que ela restringe a liberdade dos povos. Os países mais desenvolvidos não tem tanta essa influência.”
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“Infelizmente o mundo ainda é muito racista. Senti uma certa aversão na Argentina. Eles fazem uma competição desnecessária com os brasileiros. Estava numa pousada lá onde havia outros estrangeiros e a mulher chamou eles primeiro para o café e depois eu. Acho eles puxa-sacos dos europeus. Não se conformam em serem latinos americanos. Status para os argentinos é ter alguém na Europa. Pode estar lá lavando pratos, mas o importante é viver por lá”.
“Na Malásia, há placas de avisos sobre a presença de elefantes. Numa manhã bem cedo, encontrei um parado numa estrada de pouco movimento. ‘E agora?’, pensei. Esperei um pouco, fui me aproximando, me aproximando até que num momento o animal foi para o acostamento e começou a quebrar palmeiras com a tromba. Ai continuei o percurso”.
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