A Notícia – Passados os primeiros cem dias no comando da Câmara, o senhor diria que tem o domínio de todas as atribuições do cargo?
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Odir Nunes (DEM) – Não tenho a menor dúvida. Nos 22 anos que estou aqui, passei por vários presidentes. Conheço a Lei Orgânica, o Regimento Interno e as prerrogativas do cargo. Determinamos metas aos nossos servidores e procuramos motivá-los. Melhoramos o estacionamento (com empréstimo da área ao lado da Câmara).
AN – O prefeito Carlito Merss ainda não mandou nenhum projeto polêmico à Câmara este ano. Qual será o posicionamento do senhor quanto a esses projetos?
Odir – O prefeito vai mandar três projetos importantes na semana que vem: o vale-alimentação, o que fala do plano de saúde dos servidores e as diárias dos funcionários. Não irei me meter em nenhum deles, mas quero que haja discussão com a comunidade. Solicitei a Comissão de Finanças que realize uma audiência para que os servidores digam se esses projetos atendem os pedidos deles.
AN – O senhor foi eleito com o apoio do PT, mas agora está vendo os seus projetos parados na Comissão de Legislação por Manoel Bento. Como está o relacionamento com os vereadores petistas?
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Odir – Não vejo nenhum problema nisso (risos). É o fluxo normal do Legislativo. Não vou atrapalhar o andamento das comissões, assim como não gosto que interfiram na minha gestão. Nunca fui pedir para que o Bento agilizasse a aprovação dos projetos. Se houvesse pressão, poderíamos ter jogado contra alguns projetos do Executivo, como o “Minha Casa, Minha Vida”, que estava aqui desde o ano passado, mas não havia sido aprovado. Poderia vincular esse texto a aprovação dos meus projetos. Mas não quero fazer esse tipo de política.
AN – Quando o senhor ganhou a eleição para comandar a Câmara, falou que Alodir Cristo (DEM) era o Judas. E, desde lá, o vereador vem se posicionando contra o senhor. Há como resolver essa pendência?
Odir – Nosso relacionamento continua sendo o melhor possível. Desconheço que o vereador esteja insatisfeito comigo. Acredito que, como Cristo perdoou Judas, Odir perdoou Cristo. o vereador se posicionou contra alguns projetos que apresentei, mas são coisas pequenas que não podem interferir em uma amizade entre o presidente e o líder do seu partido no Legislativo.
AN – O senhor não conseguiu cumprir o prometido para todos vereadores que lhe elegeram. Um exemplo é Juarez Pereira (PPS), que não ficou com a Comissão de Urbanismo. Como o senhor compensou o PPS?
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Odir – Cumpri com nosso compromisso. Levei o acordo até o fim. Quem rompeu foi o PT, com o João Rinaldi, que não votou a favor dele na eleição da Comissão de Urbanismo. Mas mantemos nosso relacionamento. Fizemos o possível para lhe dar a comissão, mas os petistas romperam nessa votação.
AN – E o relacionamento com a bancada do PSDB?
Odir – Não tenho dificuldade com nenhum vereador aqui. Nem com o Maurício Peixer (o vereador é um dos principais críticos da gestão de Odir Nunes). E como presidente preciso ter bom relacionamento com todos. O Maurício Peixer pode não querer, mas não tenho problemas com ele. A bancada do PSDB pode ser contra, mas todas as ações que estou tomando são boas para eles.
AN – Mesmo com a população sendo contrária ao uso do carro, o senhor não só alugou os 18 veículos como flexibilizou o uso do automóvel. Não acredita que isso prejudica ainda mais a imagem da Câmara?
Odir – Isso não compromete a nossa imagem. Só fizemos o que já vinha sendo feito em anos anteriores: dar a infraestrutura para o vereador trabalhar.
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AN – E o senhor não acha errado ter um veículo diferente e mais caro que o dos outros vereadores?
Odir – Não. Isso é tão pequeno. A diferença de R$ 800 por mês entre meu carro e os outros é algo que não deve ser considerado. Nunca peguei diária para ir para São Francisco do Sul, Araquari e aí por diante. Vou com o carro e volto e isso justifica o gasto a mais. Além de ser o presidente e ter uma função diferente.
AN – Em uma época de pouco dinheiro e contenção de despesas na Prefeitura, não é estranho que a Câmara tenha dobrado os gastos de celular e queira criar 4 funções gratificadas, 11 vagas de estagiários e flexibilizar o uso das diárias?
Odir – Estamos economizando. Além disso, com os estagiários, daremos oportunidades para 11 jovens. Já no caso do aumento dos gastos com celulares, é preciso entender que a regra anterior era de 2005. E naquela época ninguém usava a internet no celular. Hoje nosso pessoal se comunica todo por celular. Quanto as diárias pagas pelas comissões, não irão aumentar os gastos, apenas facilitar a vida dos vereadores. É ponto comum a necessidade de ter mais funcionários trabalhando aqui na Câmara. Por exemplo, em Tecnologia da Informação (TI), não havia pessoal necessário e foi preciso lá atrás contratar mais quatro. Agora precisamos contratar mais, ter mais gente para que a médio e longo prazo os custos diminuam em razão da eficiência que teremos com os novos funcionários. Estamos modernizando e tornando mais eficiente o processo no Legislativo. Antes, gastávamos quase 15 folhas por causa de uma indicação. Agora, estamos fazendo quase tudo pelo computador, o que além de agilizar, diminui os custos. Então, porque não posso fazer? Não é o fato de eu querer fazer, mas há uma necessidade clara.
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AN – E a possibilidade de aumentar em até seis o número atual de vereadores. Qual o posicionamento do senhor?
Odir – Não vou falar minha posição agora. Não vejo necessidade de me posicionar nesse momento se ainda não há nem projeto. Não vamos embarcar nessa onda agora.
AN – Considerando as polêmicas do início do seu mandato, falando em carros e cargos, como reverter todo o desgaste?
Odir – Rendeu polêmica, mas na verdade é a economia que estamos fazendo. E talvez a população vai ver que a Câmara está economizando, começando pela passarela. Vamos fazer outras coisas que precisamos. Faremos de tudo para economizar e indicar obras em que podemos contribuir com a Prefeitura.
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AN – O senhor sempre teve uma postura mais espirituosa e agora está mais contido. Ao que se deve essa mudança de postura?
Odir – Agora é minha obrigação aplicar bem os recursos da Câmara e gerir o Legislativo. Preciso fazer isso. Mas, se mudei a postura, é porque a forma como você se porta para administrar reflete no modo como os funcionários e outros vereadores te olharão.