O ultimato dado pelo governo central espanhol ao presidente catalão Carles Puigdemont para que esclarecesse se declarou (ou não) a independência da região resultou em um novo cruzamento de textos que afasta ainda mais a posição de ambos.

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Em sua carta, Puigdemont respondeu que não havia proclamado a independência, mas ameaçou fazer isso e, em um comunicado, o governo espanhol anunciou que avançará nos trâmites que podem resultar na intervenção da autonomia catalã.

Confira abaixo os principais trechos dos textos dos dois lados:

– Carta de Puigdemont a Rajoy –

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“Prezado Presidente Rajoy:

O povo da Catalunha, no dia 1º de outubro, decidiu pela independência em um referendo com o aval de uma elevada percentagem dos eleitores. Uma percentagem superior à que permitiu ao Reino Unido iniciar o processo do Brexit”.

“Em 10 de outubro, o Parlamento celebrou uma sessão com o objetivo de avaliar o resultado do referendo e seus efeitos; e foi onde propus deixar em suspenso os efeitos daquele mandato popular”.

“Disse para favorecer o diálogo […]. Nesse sentido, em minha carta de segunda-feira, propus fazer uma reunião que ainda não foi atendida”.

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“Tampouco foi atendido o pedido de reverter a repressão. Ao contrário, aumentou e comportou a ida para a prisão do presidente da Òmnium Cultural e do presidente da Assembleia Nacional Catalã, entidades de reconhecida trajetória cívica, pacífica e democrática”.

“Esta suspensão continua vigente”.

“Que a única resposta seja a suspensão da autonomia indica que não se está consciente do problema e que não se quer conversar”.

“Se o Governo de Estado persiste em impedir o diálogo e continua com a repressão, o Parlamento da Catalunha procede, se achar oportuno, à votação da declaração formal de independência, a qual não se votou no dia 10 de outubro”.

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– Resposta do governo Rajoy –

“O Governo da Espanha constatou, às 10 horas desta manhã, último prazo estabelecido, a negativa do presidente da Generalitat da Catalunha a atender ao requerimento que lhe foi enviado em 11 de outubro passado”.

“Em consequência, o Governo da Espanha continuará com os trâmites previstos no artigo 155 da Constituição para restaurar a legalidade no autogoverno da Catalunha”.

“No próximo sábado, o Conselho de Ministros, reunido de forma extraordinária, aprovará as medidas que levará ao Senado a fim de proteger o interesse geral dos espanhóis, entre eles os cidadãos da Catalunha, e restaurar a ordem constitucional na Comunidade Autônoma”.

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O Governo “denuncia a atitude mantida pelos dirigentes da Generalitat de buscar, deliberada e sistematicamente, o enfrentamento institucional, apesar do grave dano que se está causando à convivência e à estrutura econômica da Catalunha”.

“O Governo disporá de todos os meios a seu alcance para restaurar o quanto antes a legalidade e a ordem constitucional, recuperar a convivência pacífica entre cidadãos e frear a deterioração econômica que a insegurança jurídica está causando na Catalunha”.

al/du.zm/cn/tt

* AFP