Trabalhar no combate ao combo álcool e direção em Blumenau não é tarefa simples. A cidade leva o título de Capital Nacional da Cerveja, bebida não apenas apreciada, mas também produzida por muitos blumenauenses e tem um índice de 72 veículos para cada 100 habitantes, taxa maior do que a de Florianópolis (70 veículos para 100 pessoas) e Joinville (67 para 100).
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Na principal cidade do Vale do Itajaí, fiscalizar os 204.287 condutores habilitados é missão dividida entre a Guarda Municipal de Trânsito (GMT) e a Polícia Militar que, juntas, possuem sete bafômetros e promovem operações para verificar, entre todas as outras infrações possíveis, se há motoristas dirigindo sob efeito de álcool. Mas, de modo geral, não há uma fiscalização específica de aplicação da Lei Seca. Felipe Bueno, diretor de Trânsito do Serviço Autônomo Municipal de Trânsito e Transportes de Blumenau (Seterb), explica que durante as blitze realizadas pelos agentes os testes de bafômetro são aplicados caso o guarda perceba sinais de embriaguez no condutor.
Em média, de três a cinco testes apontam resultado positivo em cada operação. Além destes, há quem se recusa a fazer o teste e, neste caso, é encaminhado à Polícia Civil e também recebe uma notificação – se recusar a fazer o teste do bafômetro é infração gravíssima com multa de aproximadamente R$ 2,9 mil. Proporcionalmente, o número de operações de trânsito executadas pela GMT de Blumenau cresceu de 2016 para cá – foram 183 no ano passado e em 2017 já são 147 –, o que para Bueno também impulsiona o número de notificações.
O aumento na fiscalização se deve à instituição de uma equipe especializada em blitze, com foco na fiscalização das infrações. Bueno afirma que, estatisticamente, Blumenau está à frente de outras cidades no controle do trânsito e chama a atenção para o comportamento dos motoristas na cidade e do peso da cultura na falta de respeito à legislação:
– As pessoas têm uma visão de que Blumenau, por ser Capital Nacional da Cerveja, exime-se da responsabilidade no volante. Por essa questão cultural, as pessoas bebem e acreditam que estão acima da lei, mas essas leis existem e precisam ser respeitadas. Ninguém é proibido de beber, mas a partir do momento que bebeu e pegou o volante assumiu uma responsabilidade – afirma.
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A Polícia Militar diz que usa quatro bafômetros em operações realizadas, em média, uma vez por semana e que também registrou aumento no número de notificações. No Estado, sete em cada 10 denúncias do Ministério Público por crimes de trânsito cometidos envolvem motoristas embriagados.