Pelo menos 50 mulheres tiveram mamografias negadas pelo SUS no último mês em Blumenau. A negativa é reflexo de uma decisão do Ministério da Saúde que prioriza exames em pessoas com idade entre 50 e 69 anos. Antes da portaria 1.253 de novembro de 2013 – aplicada desde agosto na cidade – a Lei 11.664 de abril de 2008 determinava a realização do exame em todas as mulheres a partir dos 40 anos. Agora a análise só será feita em outra faixa etária se a paciente apresentar sintomas ou histórico de câncer na família.

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A decisão de alterar a idade ocorreu baseada em estudos internacionais que comprovam maior incidência da doença e maior eficiência do exame a partir dos 50 anos. Mas os dados locais destoam das estatísticas mundiais. Metade das mulheres atendidas pela Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau tem menos de 50 anos e 60% das mamografias com casos suspeitos – que exigem investigação – são feitas em mulheres abaixo desta idade.

– É realmente uma grande perda para nós. Nossa realidade não condiz com a de outros países. Lamentamos que no mês passado 50 exames foram recusados depois da determinação do SUS. O câncer de mama precisa ser detectado no início – ressalta a presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Tatiana Regina Lenzi Alvise.

Há uma semana, Elisângela Reddiga, 40 anos, foi uma das mulheres que teve a mamografia negada pelo Sistema Único de Saúde em Blumenau. Durante uma consulta ginecológica a médica indicou o exame porque a dona de casa apresentou uma leve alteração na mama e nunca havia feito a análise.

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– Eu não tenho histórico de câncer de mama na família, mas quem me garante que não posso ser a primeira a ter a doença? Para tirar a dúvida, estou pensando em investir no exame particular, pois não acho certo eu ter de esperar 10 anos para começar a me prevenir – argumenta. Se decidir pagar o exame, Elisângela terá de desembolsar cerca de R$ 180.

Maioria dos casos não é hereditária

Outro exemplo que contraria as estatísticas é o de Liliane Marque de Vargas. Ela tinha 26 anos e nenhum histórico familiar de câncer quando localizou um nódulo no seio direito. Foi através da mamografia que teve o diagnóstico do tumor confirmado.

Liliane Marque de Vargar e a filha, Amanda de Sousa (Foto: Rafaela Martins/Agência RBS)

– A prevenção é a melhor maneira de descobrir a doença a tempo. Ninguém da minha família teve, minha mãe descobriu a doença anos depois de mim e isto pode acontecer com outras mulheres. Algumas não conhecem o próprio corpo e podem descobrir o câncer tarde demais – argumenta a blumenauense.

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Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, o câncer de mama hereditário corresponde a cerca de 5% a 10% dos casos, ou seja, quando existem parentes de primeiro grau com a doença. Portanto, 90% dos casos de câncer de mama não têm origem hereditária. Quanto mais cedo acontece o diagnóstico, maiores são as chances de cura.

Como prevenção o médico obstetra, ginecologista e mastologista Charles Berger recomenda o exame de toque uma semana depois do período da menstruação para identificar mudanças na estrutura mamária e claro, o exame de mamografia para mulheres com mais de 40 anos.