O medo tomou conta do domingo de Páscoa entre os moradores de duas ruas do loteamento Juquiá, no bairro Ulysses Guimarães, na zona Sul de Joinville.

Continua depois da publicidade

Temendo represálias, as testemunhas de um linchamento ocorrido na sexta-feira à noite preferem não falar abertamente sobre o crime, especialmente com a polícia.

No começo da noite da Sexta-feira Santa, o desempregado Adilson Feliciana, de 33 anos, percorreu cerca de 200 metros pulando muros e cercas de madeira entre as casas do loteamento, mas acabou acuado por cerca de 15 pessoas: crianças, adolescentes e adultos – nos fundos de uma casa.

A cena que os moradores descrevem é de selvageria. Aos gritos, os agressores deram a volta na quadra, cercaram a casa e usaram pedras soltas da rua, tijolos e ferramentas para espancar Adilson até a morte.

Continua depois da publicidade

Um dos adultos teria usado uma faca para acertar o pescoço e o tórax dele, como golpes de misericórdia. Ninguém sabe dizer o motivo real de tanta violência.

Há duas versões entre os moradores. A primeira é de que ele teria estuprado uma menina de dez anos. Até ontem à tarde, não havia nenhum registro de estupro nas ocorrências da Polícia Militar.

A segunda é de que ele teria batido na menina e começado uma briga com outros adolescentes.

– Foi uma loucura. As pessoas corriam, gritavam e começaram a atirar pedras nele. Mas rapidinho já não tinha mais ninguém na rua – diz um dos vizinhos.

Continua depois da publicidade

O morador permitiu que um de seus filhos gravasse o que viu para o “A Notícia”, mas não autorizou que a reportagem usasse os nomes de ninguém da família.

Todos viram o momento da agressão e chamaram a polícia assim que a casa começou a ser apedrejada.

Relato da polícia

Segundo a Polícia Militar, algumas pessoas que estavam na rua após a ocorrência, na sexta, disseram que a revolta começou quando alguém disse que Adilson teria estuprado uma menina, mas que ela era “namorada” dele com o consentimento da mãe.

A agressão e o assassinato serão investigados pela Polícia Civil da zona Sul. Até a tarde deste domingo, ninguém havia sido detido ou acusado pelo crime.

Continua depois da publicidade

Adilson era joinvilense. Moradores dizem que morou no Rio Bonito e no Itinga antes de dividir uma casa de madeira no Juquiá com um amigo. Ele era usuário de drogas e teria ido para a região para se tratar em um centro terapêutico ligado a uma igreja evangélica.

Confira o vídeo do depoimento da testemunha: