Faltando oito meses para a Copa, não é possível perceber uma mudança radical no Rio de Janeiro: está claro que a grande transformação na estrutura da cidade ficará para a Olimpíada de 2016. Dois motivos explicam isto: o atraso em algumas obras e, principalmente, as características dos Jogos Olímpicos, que normalmente exigem uma preparação maior.
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Esta diferença no impacto das duas competições na capital carioca já rendeu uma troca de farpas pela imprensa entre o prefeito Eduardo Paes e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Paes afirmou que a entidade “não está preocupada com o legado, só com os estádios”. Valcke respondeu que “o prefeito até agora não entendeu como funciona um Mundial”. E ironizou, perguntando se ele queria que as partidas fossem disputadas na beira da praia.
O clima não ficou bom, e por enquanto, não há previsão de um encontro entre os dois. Apesar do mal-estar, até agora, para a Copa, a única mudança pronta é o Maracanã. Depois do investimento de R$ 1,2 bilhão, o estádio ficou no mesmo nível das principais arenas do planeta. Até o fim do ano, deverá ficar pronto ao custo de R$ 1,88 bilhão o BRT Transcarioca, corredor de ônibus articulado que vai ligar a Barra da Tijuca ao aeroporto do Galeão.
As reformas dos terminais 1 e 2 do aeroporto (R$ 844 milhões) tem previsão de conclusão em dezembro. Ainda este ano, o Galeão será privatizado e deve começar uma grande transformação. Serão 26 novas pontes de embarque e o pátio de aeronaves será ampliado até 2016. E a partir da Olimpíada, os moradores e turistas terão à disposição uma das maiores obras de mobilidade urbana dos últimos tempos: a linha 4 do metrô, que vai fazer a ligação da Zona Sul com a Barra. Investimento de R$ 8,5 bilhões, que atenderá 300 mil pessoas por dia.
Já a linha BRT Transolímpica (R$1,55 bilhão) será utilizada por carros e ônibus, ligando Deodoro e Recreio dos Bandeirantes. Para Maria Sílvia Bastos, presidente da Empresa Olímpica Municipal, este é o grande legado:
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– É uma revolução, talvez a maior transformação do Rio seja justamente com a mobilidade urbana. Sem falar na valorização imobiliária em alguns pontos da cidade.
E ainda tem a revitalização total da área portuária, com construção de hotéis, restaurantes, museus e prédios comerciais. Projeto onde é inevitável a comparação com o que foi feito em Puerto Madero, em Buenos Aires. No caso do Rio, não há dúvida que o legado olímpico é maior que o legado da Copa.