A preparação para a Copa do Mundo na capital do Pantanal – como propaga Cuiabá, no Mato Grosso, uma das 12 cidades-sede – segue em ritmo preocupante. Estudo recente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) mostra que quase 90% do prometido legado sequer saiu do papel. O levantamento lança dúvidas sobre a possibilidade de conclusão das intervenções de mobilidade urbana e aponta que, das 24 obras iniciadas, apenas duas seguem o cronograma previsto. O restante caminha em ritmo lento, com atrasos de até oito meses.
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Como no caso das obras de duas das trincheiras da avenida Miguel Sutil e na duplicação da Estrada da Guarita, em Várzea Grande, cidade vizinha onde se situa o aeroporto.
A situação se agravará caso a ameaça da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) de rescindir o contrato com a Ster Engenharia, empreiteira responsável pelas trincheiras, se confirme. De acordo com o titular da Secopa, Maurício Guimarães, a empresa foi notificada devido à pendências previstas no acordo:
– A construtora está sendo objeto de multas diárias e, se os problemas não forem resolvidos dentro dos próximos dias, será feita a rescisão.
Procurada, a empreiteira disse que não se manifestaria. Guimarães minimizou o resultado do relatório do TCE, mas ressaltou que serve de alerta. O secretário assegura que todas as obras ficarão prontas até o final do ano – com exceção do Veículo Leve sobre Trilhos, o metrô de superfície que atravessará parte de Cuiabá e Várzea Grande. O VLT será a maior obra de Mato Grosso para o Mundial, mas, de acordo com estudo feito pelo Tribunal de Contas da União, não ficará pronto antes da Copa – a Secopa prevê para março de 2014.
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A Arena Pantanal
Na Arena Pantanal, orçada em R$ 420 milhões, segundo a avaliação do TCE, os percentuais de conclusão divulgados pela Secopa não correspondiam à realidade da obra até o final de dezembro de 2012. Em vez dos 55% de conclusão anunciados na ocasião, os auditores e técnicos do Tribunal encontraram um percentual de apenas 37,41%.
O TCE afirma que os números foram inflados em razão de manobra ilegal, que antecipou R$ 35 milhões em pagamentos ao consórcio entre as empreiteiras Mendes Júnior e Santa Bárbara.
– Em vez pagar pelo serviço após a medição, o governo antecipou o pagamento às empreiteiras, o que é ilegal – afirmou o conselheiro Antônio Joaquim, relator das contas da Secopa.
Mesmo considerando-se os valores antecipados, o avanço da obra apurado pelo TCE seria de 45,8% – muito distante dos 62% anunciados em fevereiro. Segundo o TCE, a média mensal de pagamentos referentes à obra da arena é de cerca de R$ 6,2 milhões. Mantido esse ritmo, a obra só ficaria pronta em 2016.
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Guimarães, por sua vez, desconsidera os apontamentos, e enfatiza que “a Arena Pantanal será entregue em outubro deste ano, como consta no cronograma”.
CUIABÁ
Estádio Arena Pantanal (R$ 518,9 milhões)
Conclusão: 45,8% (segundo o TCE-MT)
Investimentos na cidade: R$ 2,05 bilhões
Problemas: a obra mais importante é o Veículo Leve sobre Trilhos, de 22km. A obra não deve ficar pronta até a Copa.