Além de causar alagamentos nas cidades, deslizamentos, as fortes chuvas do mês de maio também estão causando prejuízos nas lavouras.

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Embora seja um período de entressafras de verão e inverno, o que está no campo acabou estragando, principalmente quem fez segunda safra de feijão e soja. Os analistas de grãos do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Haroldo Tavares Elias e João Rogério Alves, estiveram na região avaliando a situação.

– Em algumas lavouras a soja e o feião vão ficar na roça pois não vale a pena colher. Na soja safrinha tem 30 a 40 mil hectares com quebra estimada de 15% a 20%. – disse Elias.

O engenheiro agrônomo da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Alexandre Ramos, avaliou que essas lavouras não vão cobrir os custos de produção.

– No feijão tivemos um dos piores anos. Nas pastagens a umidade está aumentando a incidência de doenças. Além disso, com o solo encharcado os animais acabam pisoteando e danificando a pastagem e compactando o solo. Deve aumentar também o gasto com silagem – disse Ramos.

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De acordo com o agrônomo a chuva em excesso pode atrapalhar também a implantação de lavouras de trigo.

O produtor Felix Muraro Junior tem 80 hectares de soja para colher em Chapecó e reclama que, quando consegue colocar as máquinas na lavoura, tem muito desconto ao entregar nos silos devido à umidade.

O pesquisador do Centro de Pesquisa em Agricultura Familiar da Epagri em Chapecó, Ivan Baldissera, disse que até a manhã desta quinta-feira já haviam sido registrados 268,4 milímetros de chuva em Chapecó, contra uma média histórica de 173,1 milímetros. É um aumento de 55%, ou seja, chuva de um mês em meio, em apenas um.

– Temos um mês de maio atípico, com 12 dias de chuva e 18 de tempo encoberto. Com isso houve a formação de sulcos nas lavouras, onde o excesso de chuva acaba provocando erosão. Há perda do melhor solo que acaba indo para os rios, causando assoreamento. Além da chuva percebemos o abandono de algumas práticas de contenção, como os terraços, que ajudavam a evitar a erosão – destacou Baldissera.

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