A condenação de executivos da Camargo Corrêa e a denúncia formal contra os presidentes e ex-dirigentes de Odebrecht e Andrade Gutierrez – que no sábado foram transferidos da sede da Polícia Federal para o Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba -, abrem nova fase da Operação Lava-Jato. A investigação se aproxima de PT e PMDB como integrantes importantes do esquema de corrupção, em conluio com o comando do cartel empresarial, que fatiava obras da Petrobras mediante o pagamento de propina.
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Com a chegada dos primeiros documentos oficiais da Suíça, após acordo de cooperação internacional, a força-tarefa de procuradores acredita ter aberto “uma janela” nas apurações que levarão à comprovação do uso de contas secretas dos quatro núcleos do esquema: empresarial, político, operadores financeiros e agentes públicos.
Além de chegar às contas secretas das empreiteiras, dos políticos, dos dirigentes da Petrobras e dos operadores de propina, os investigadores vão ampliar a devassa em contratos, antes centrada na estatal, a outras áreas do governo. Uma das prioridades é o setor energético e envolve as obras de grandes usinas, como Belo Monte, no Pará, e Angra 3, no Rio de Janeiro.
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As delações de dois executivos da Camargo Corrêa, que confessaram “cartelização” e pagamentos de propina nessas obras, reforçaram as suspeitas levantadas após o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmar que o esquema de propina era generalizado.
– Temos elementos para apontar que o esquema de cartel e corrupção foi além da Petrobras – afirmou o procurador regional da República Carlos Fernando Lima, um dos integrantes da Lava-Jato.
A sentença dos três executivos da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini (ex-presidente), Eduardo Leite (ex-vice-presidente) e João Ricardo Auler (ex-presidente do Conselho de Administração), na última semana, foi a primeira condenação do núcleo empresarial do esquema.
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“No período compreendido entre 2004 e 2014, uma grande organização criminosa estruturou-se com a finalidade de praticar delitos no seio e em desfavor da Petrobras”, sustenta o Ministério Público Federal. Um prejuízo de pelo menos R$ 19 bilhões. Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, o núcleo empresarial, em conluio com o núcleo político, detinha o comando do esquema.
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O acordo de cooperação firmado com a Suíça e a expectativa de novas delações deixaram em alerta as cúpulas de PT e PMDB. Os dois partidos temem que, diante do avanço da Lava-Jato rumo ao caminho percorrido pelo dinheiro no Exterior, outros operadores do chamado núcleo político do esquema de corrupção decidam contar o que sabem em busca da redução de penas.
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A quebra dos sigilos bancários de contas mantidas por offshores na Suíça, enviadas por autoridades do país, foram consideradas provas cabais do envolvimento de ex-diretores da Petrobras indicados por PT e PMDB no esquema de corrupção e lavagem.