Por Lauro Eduardo Bacca, presidente da Acaprena (Associação Catarinense de Preservação da Natureza), naturalista e ambientalista

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O Jornal de Santa Catarina, nascido há 50 anos, foi o primeiro jornal impresso em off-set e a Acaprena (Associação Catarinense de Preservação da Acaprena), nascida há 48 anos, foi a primeira ONG ambientalista do Estado. As trajetórias dessas entidades – uma empresa jornalística e uma ONG ambientalista têm tido muita coisa em comum, além da curiosidade de terem sido vizinhos. O Santanasceu na rua São Paulo e a Acaprena também, a 300 metros de distância, junto à Furb, em Blumenau.

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Desde o início as matérias de interesse ambiental preencheram muitas páginas do Santa. Não existia nenhum órgão ambiental oficial na cidade, no Estado e sequer no Brasil em 21 de setembro de 1971, dia do nascimento do Santa. A poluição corria solta e a Mata Atlântica tombava vítima da impiedosa e quase sempre irregular ação de empresas madeireiras. 

Havia apenas diretrizes de saneamento, tímidas normativas de Planos Diretores municipais e pífias tentativas de controle de desmatamento pelo extinto IBDF, tão pífias que, à época, alguns o apelidavam, pejorativamente, de Instituto Brasileiro de “Destruição” Florestal.

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A grande virada ambiental mundial tem data: 5 de junho de 1972, com a realização da primeira conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Conferência de Estocolmo. Pela primeira vez, chefes de estado de quase todos os países do mundo se reuniram para tratar desse tema. No seu primeiro ano de existência o Santa noticiava esse evento.

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No ano seguinte, em maio, surgia a Acaprena e em outubro a Sema (Secretaria Especial do Meio Ambiente), hoje Ministério do Meio Ambiente. Em 1975 surgia a Fatma, atual IMA (Instituto do Meio Ambiente estadual) e em 1977 o prefeito Renato Vianna criava a Aema (Assessoria Especial do Meio Ambiente), o primeiro órgão ambiental municipal de Santa Catarina e o segundo do Brasil. Instituições oficiais frutos de sugestões da Acaprena, ambos noticiados pelo Santa.

Em 1978 e 1979 surgia a primeira parceria semiformal entre a Acaprena e o Santa, duas páginas inteiras dedicadas ao Meio Ambiente, nas edições de fim de semana, editadas pelo grande jornalista Moacir Loth sob inspiração do diretor da Acaprena Nelcio Lindner. Foram nessas páginas que comecei a interagir mais assiduamente com o Santa, com a coluna “Curtas e Semi-curtas”, tratando de aspectos ambientais gerais e regionais. Enchentes, desmatamentos, loteamentos irregulares, poluição, caça clandestina, denúncias e cobranças das autoridades, muitos foram os temas ambientais tratados pelo Santa ao longo desses 50 anos nestas páginas e no noticiário geral.

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Se fosse para escolher o período mais dramático de notícias ambientais de todo esse período, escolheria a grande polêmica ocorrida nos anos que antecederam a criação do Parque Nacional da Serra do Itajaí, finalmente acontecida em 4 de junho de 2004. Inesperadamente surgiu um movimento contra o Parque aqui na região e o Santa deu amplo destaque para ambas as partes, em pautas milimetricamente iguais, não permitindo espaço a mais nem para uma nem para outra parte. Tema que rendeu algumas matérias de capa, antes e depois da criação do Parque.

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Resumir 50 anos em 50 linhas não é fácil. Mas, uma coisa é certa: a conscientização ambiental da população deve muito à boa acolhida e trato correto com que a imprensa – em especial o Santa, tem propiciado à causa ambiental. A natureza e o que foi salvo até agora de toda a sua esplendorosa biodiversidade agradece e continua contanto com esse imprescindível apoio. A população, claro, também agradece. Nossos filhos e netos, certamente, também agradecerão.