A existência do Parque Botânico do Morro do Baú em Ilhota deve-se ao emérito botânico catarinense Padre Raulino Reitz. Em 1965, o incansável “padre das bromélias” publicou uma lista dos 13 parques, reservas e similares então existentes em Santa Catarina e sugeriu ao poderes públicos reservar mais 10 “belos lugares” no Estado, entre eles a área do Morro do Baú, com 520 hectares (5,2 km²) e tendo nos 819,5 metros de altitude do emblemático morro sua principal atração.

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Há décadas a área está registrada em nome do Herbário Barbosa Rodrigues de Itajaí, para o qual funcionou como “estação biológica” e como uma das pioneiras áreas de prática de ecoturismo no Estado. Na mesma publicação (revista Sellowia, nº 17, 1965), Pe. Reitz informou que o Parque Botânico fora “criado com auxílios do Ministério da Agricultura e da Secretaria da Agricultura do Estado de Santa Catarina”, devendo a área protegida “ser ampliada para 2.500 hectares, que seria o ideal para compreender todo o complexo de montanhas entre os rios Baú e Braço do Baú”.

Inconfundível ícone paisagístico e de grande interesse histórico, ecológico e científico, relíquia de um passado geológico, morro e Parque Botânico estavam abandonados mesmo antes da tragédia de novembro de 2008. O velho sonho do saudoso Dr. Pe. Raulino Reitz, porém, continua sonho de muitos. De uns tempos para cá percebe-se um interesse para resolver a preservação da área.

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Falou-se em criação de um Parque Estadual e depois, de um Parque Natural Municipal de Ilhota. Houve audiência pública e decreto de utilidade pública para 542 hectares, mas não se esclareceu como preservar a totalidade dos cerca de 750 hectares do parque, incluindo-se aí terras devolutas que, por força de lei, são prioritárias para a conservação e não se fala da ampliação preconizada pelo Pe. Reitz para 2.500 hectares, ainda viável nos dias de hoje.

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São questões que não podem ficar ausentes das discussões, assim como não se deve ignorar a possibilidade de se conciliar ali um modelo de preservação com grande afluxo turístico em forma de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com benefícios incontestáveis para a economia sem abrir mão da preservação em Ilhota e região. Como aprendi no livro de leitura do quarto ano escolar, “o que merece ser feito, merece ser bem feito”.

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Pergunta que não quer calar: será que a Fatma vai se acovardar e permitir o estupro ecológico de 274 torres aerogeradores, logo no Campo dos Padres, entre Urubici e Bom Retiro?