O consumo doméstico dos minúsculos pontos de led que atualmente ficam acesos às dezenas em tudo que é aparelho eletrônico nos lares e empresas, 24 horas por dia e 365 dias por ano, é responsável, por incrível que pareça, por até mais de 15% do consumo de energia elétrica numa casa.
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Certo dia, olhando para uma chaminha piloto de aquecedor a gás, imaginei-a não isolada, acesa 24 horas por dia, mas 24 delas acesas durante uma hora, equivalendo ao mesmo consumo de gás. Seria energia suficiente para cozinhar vários tipos de comida numa panela de médio tamanho sobre um fogão – exemplo de um micro consumo que não é tão micro assim.
Quem observa os apressados atendentes em bares ou a bordo de aviões vê como são mal esvaziadas as caixas de sucos, leite e outros produtos servidos aos clientes ou passageiros. Curioso, comprei uma provetinha e tentei imitar os movimentos deles, na agilidade que o serviço requer, esvaziando muito mal os recipientes. Deu de 10 a 20 ml desperdiçados por litro. Mesmo dando umas sacudidas para aproveitar bem o líquido até o final, sempre restava uma média de 5 mililitros de leite ou suco dentro das caixas. Por isso, em casa, sempre desdobramos e cortamos com a tesoura um cantinho das caixas Tetra Pak para aproveitar até a última gota do conteúdo. Paranoia de ecochato?
Quantos micro desperdícios existem no dia a dia doméstico, industrial ou agropecuário? Quanto se perde de grãos que pingam das carretas pelas rodovias e fazem a alegria das galinhas de beira de estrada (e de seus donos)? Quanta energia se desperdiça em exaustores de banheiros pelo simples fato de não haver limpeza periódica do pó que obstrui as grades por onde o ar é sugado, tornando menos eficiente o sistema? Ou de que adianta potentes exaustores se o ar sugado não entra livre por falta de altura das portas junto ao chão ou por não haver grade de entrada de ar? Quanta energia é gasta a mais por chuveiros muito altos, sabendo que a cada meio metro de queda a temperatura da água cai entre meio e um grau centígrado?
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O Brasil produziu 35 bilhões de litros de leite em 2015 que, para chegar aos nossos copos, exigiu derrubada de floresta para formar pastagens, capim ou ração que a vaca transforma em leite, várias e complexas etapas, envolvendo pessoas, técnicos e tecnologia, transporte, armazenagem e grande consumo de energia. Por conta de “desprezíveis” 5 ml sobrados por embalagem, o Brasil jogou fora, só no ano passado, por baixo, 175 milhões de litros de leite. Paranoia de ecochato?