A visão macro de um bom gestor público jamais pode dispensar, qual milimétricas incisões cirúrgicas, os detalhes pequenos. No segundo turno de Blumenau, espero que se discuta a Cidade (com C maiúsculo) como um todo orgânico não fechado, mas inserido num corpo maior que é a microrregião, que por sua vez compõe um sistema ainda maior, com todas as suas complexas variáveis geográficas, sociais, econômicas e ambientais, onde os mínimos detalhes não podem ser perdidos dentro do todo.

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Um exemplo são as lombadas fixas e travessias elevadas. Qual o motivo da maioria delas ter uma configuração que força os veículos quase pararem (10-15 km/hora) ao invés de passar apenas em baixa velocidade (uns 30-40 km/hora) como em Balneário Camboriú? Não daria para suavizá-las, tornando-as menos quebra-molas e mais redutoras de velocidade, evitando menos perda da energia cinética dos veículos?

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Não me preocupam os carros, temos mais é que desestimular seu uso, mas para cada freada além do necessário, inclusive dos ônibus e caminhões, nas lombadas físicas mal desenhadas, temos uma nova arrancada e, lógico, mais barulho, mais combustível gasto, mais desperdício de um recurso finito e mais poluição do ar que, somada à poluição de todas as cidades do mundo, contribui ainda mais para o efeito estufa e mudanças climáticas, uma das maiores ameaças atuais ao planeta.

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As bilhões de freadas desnecessárias multiplicadas pelos 2,3 mililitros de combustível (cálculo do amigo engenheiro mecânico Antônio Padilha) gastos a cada retomada da velocidade resultam na queima adicional de milhares de litros por dia, apenas por conta de lombadas físicas mal desenhadas. Detalhes tão pequenos …

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Outro detalhe tão pequeno na discussão sobre o trânsito sempre me chama a atenção. Por que muitos ainda odeiam os pardais eletrônicos escondidos? Qual é o problema deles? Para economizar este meu espaço, sugiro aos candidatos do segundo turno lerem a carta de Edson Passold (Santa, 3 de outubro). Ele disse tudo!

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Já um detalhe nem tão pequeno me angustia: o projeto daquela aberração arquitetônica que, não sei como, foi aprovada como a nova ponte do Centro. Cao Hering (Santa, 30 de setembro) foi outro que disse tudo sobre isso. Candidatos, se eleitos, mudem o projeto dessa ponte, por favor, nem que se tenha de pagar uma multa. O que não pode é aquele enorme arco feito meio raquetão, desproporcional à escala urbana central, ficar ali dando bordoadas de poluição visual ad perpetuum todo o santo dia nos nativos e visitantes. Xô, raquetão!